Porto Alegre, 28 de dezembro de 2023 – Os preços do algodão caíram no mercado físico brasileiro em 2023. A queda começou bem antes da chegada da safra 2023, em agosto. A quebra na safra em 2022 e as especulações com seca nos Estado Unidos fizeram o produtor redobrar a aposta de alta nos preços, dosando suas vendas no início da temporada 2022/2023, informou a SAFRAS Consultoria.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o fato de o algodão estar mais capitalizado acabou facilitando a estratégia de restringir o fluxo de comercialização. Porém, a menor oferta no Brasil e nos Estados Unidos foi compensada pelo crescimento da safra em outras importantes origens. Além disso, houve um corte no consumo, em resposta ao cenário econômico incerto e a maior concorrência de produtos sintéticos.
Os preços acabaram caindo lá fora, ativando o interesse do produtor aqui dentro. “A cotação do algodão no físico brasileiro acumulou forte desvalorização ao longo do primeiro semestre de 2023 (entressafra por aqui) diante da pressão da oferta disponível da safra BR-22 e da iminência de chegada de uma grande produção em 2023”, disse o analista.
O preço do algodão em pluma iniciou o ano de 2023 mais valorizado, em torno de R$ 5,16 a libra-peso no Mato Grosso e R$ 5,30 a libra-peso dentro da indústria em São Paulo. Mas, a partir de março tombou diante da mudança brusca de comportamento do produtor brasileiro. Com o avanço da entressafra e a recuperação na ICE US, esboçou alguma reação. Mesmo assim, não conseguiu demonstrar força para sustentar ganhos mais expressivos.
De acordo com Barabach, a safra grande e a necessidade de escoamento externo servem como fatores que inibem as investidas de alta, mesmo com o avanço da entressafra. E, com isso, o preço do algodão em Rondonópolis, em Mato Grosso, gira em torno de R$ 3,74 a libra-peso nessa reta final de dezembro. No ano, acumula desvalorização de 29%. Já a indicação no CIF de São Paulo da pluma ficou ao redor de R$ 3,98 a libra-peso. Neste mesmo período do ano passado, a pluma era cotada a R$ 5,19 a libra-peso, o que corresponde no acumulado uma queda de 26%.
Na cena externa, a agressividade do vendedor brasileiro ficou bem clara no comparativo de prêmio no porto de Santos. O algodão brasileiro negociado no FOB Santos neste mesmo período do mês de novembro ficou a -5 centavos contra ICE US. Ou seja, com prêmio negativo (deságio em relação ao referencial de Nova York). Essa agressividade do algodão brasileiro atraiu demanda, especialmente da China.
Porém, nos últimos meses, Barabach mencionou que o Brasil perdeu um pouco de competitividade para o Paquistão e os Estados Unidos, mas segue no radar do comprador mundial. No mês de dezembro, o prêmio indicado oscilou em torno de -1,90 centavos/libra-peso. No ano passado era vendido com elevado ágio (prêmio positivo contra ICE US) que chegou a +20 centavos/libra-peso contra ICE US.
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Sara Lane (sara.silva@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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