Porto Alegre, 30 de dezembro de 2020 – À espera da vacina, o mercado brasileiro de trigo deve iniciar o ano de 2021 atento à volatilidade cambial. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, o imunizante deve atenuar as incertezas em torno da conjuntura econômica mundial, favorecendo uma retração do dólar e diminuindo as preocupações com o abastecimento. “Isso deve favorecer um cenário baixista aos preços nos mercados externo e interno, menos num período de menor entrada de oferta no Brasil”, disse.
Conforme o analista, caso a disponibilidade de oferta da Argentina não atenda às exigências de qualidade da indústria brasileira, a alternativa será a busca em outros países, como os Estados Unidos, o Canadá e até mesmo a Rússia, que vem tendo significativo crescimento na representatividade das importações brasileiras desde a metade do ano de 2019. “Mesmo assim, os custos de aquisição destes países são mais elevados, principalmente os que envolvem a logística”, disse.
Retrospectiva 2020
Ao longo de 2020, a combinação de diversos fatores levou à alta dos preços de referência no Brasil. Este patamar elevado persistiu durante a maior parte do ano. “A quebra da produção nacional em 2019 reduziu a oferta interna e aumentou a dependência por importações. Em paralelo a isso, a economia mundial já começava a refletir o crescimento dos casos da covid-19. Em março, o dólar começou uma disparada em relação ao real e se aproximou dos R$ 6,00 em abril”, lembrou Pinheiro.
Pinheiro lembra que preocupações com o abastecimento fizeram com que vários países começassem a tomar medidas protecionistas, o que reduziu a disponibilidade do grão no mercado internacional. Além da pandemia, o clima desfavorável em importantes países produtores trouxe novas preocupações quanto ao abastecimento. “A Argentina passou por uma das secas mais severas na última década, tendo seu potencial produtivo reduzido em 18%, de 20,5 para as atuais 16,8 milhões de toneladas”, o analista reitera que foi essa combinação de fatores que manteve os preços sustentados até o momento.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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