Porto Alegre, 04 de abril de 2025 – O mercado internacional de café, assim como todos os outros, foi sacudido nesta quinta-feira pelo tarifaço global do presidente americano Donald Trump. De modo geral, os mercados procuram entender as consequências dessas novas “diretrizes” e precisarão passar por um reordenamento. Em meio a isso, são grandes as preocupações e a quinta-feira (03/04) e esta sexta-feira (até o fechamento da coluna) estão sendo marcadas por predominantes quedas nos preços das commodities, e o café acompanha o movimento.
Nesta quinta-feira, o café foi afetado nas Bolsas de Nova York para o arábica, que fechou com queda de 0,9% para maio, e de Londres (ganho de 0,1% para maio). Houve momentos de fortes baixas nas bolsas nesta quinta-feira, acompanhando outros mercados, mas depois o café encontrou uma recuperação do pior momento. Nesta sexta-feira, por volta das 09h30min, o café tanto em NY quanto em Londres acumula perdas em torno de 2,5%.
O café está simplesmente acompanhando o pessimismo nos mercados mundiais com as medidas de Trump, que basicamente prejudicam o comércio internacional, gerando grandes apreensões com queda na demanda. O petróleo despencava 7% na manhã desta sexta-feira, todos os grãos (soja, milho e trigo) caíam na Bolsa de Chicago, assim como todas as soft commodities na Bolsa de Nova York (café, açúcar, algodão e suco de laranja).
Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, é enorme a preocupação em relação ao consumo. “O cenário global é de inflação e desaceleração da economia, o que é ruim para o crescimento do consumo de café, que pode sim ser afetado”, adverte. Destaca que a União Europeia teve os impactos recentemente da pandemia e da Guerra na Ucrânia. E agora quando a UE estava sinalizando uma recuperação econômica vem essa guerra tarifária, o que pode prejudicar a demanda. “Os países da União Europeia são os maiores compradores do café brasileiro”, lembra.
Por outro lado, o tarifaço traz naturalmente algumas oportunidades importantes. Para o Brasil, diz o consultor, um importante ponto é que se abrem vantagens para o conilon/canéfora do país nas exportações para os Estados Unidos. Isso porque a tarifa para o Brasil é de 10%, mas para os concorrentes do país no canéfora as taxas são maiores, chegando a 46% para os robustas do Vietnã e a 32% para o produtor da Indonésia.
“O conilon brasileiro fica mais competitivo e isso pode mexer com nossas exportações”, indica Barabach. Ele faz a ressalva de que os EUA compram mais o arábica, mas usam também canéforas (robusta/conilon) em seus blends. No arábica, nossa maior concorrente, a Colômbia, também tem tarifa de 10%, o que não nos traz ganhos competitivos.
O momento é de turbulência e de busca de entendimento dos novos rumos dos mercados. Até lá, a volatilidade já tão corriqueira nas bolsas de futuros do café deve ficar ainda mais intensa.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência Safras News
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