Porto Alegre, 3 de janeiro de 2025 – O mercado brasileiro de boi gordo tende a passar por mudanças consistentes ao longo de 2025. Para o analista de Safras & Mercado, Fernando Iglesias, um dos pontos de atenção leva em conta a inversão do ciclo pecuário, que promoverá uma menor disponibilidade das categorias de animais mais jovens, levando a um aumento contundente na reposição. Assim, o custo da recria e da engorda de gado tendem a aumentar, exigindo cada vez mais estratégias por parte do pecuarista.
Sob o prisma da demanda, Iglesias destaca que a agroindústria brasileira centrará seus esforços nas exportações, considerando a enorme competitividade do país no mercado internacional. “Como se sabe o Brasil segue como melhor alternativa global para o fornecimento de carne bovina perante os principais concorrentes, como Estados Unidos, Austrália, União Europeia, Argentina e Uruguai”, pontua.
O bom relacionamento construído com os principais parceiros comerciais do Brasil é uma variável importante a ser considerada, uma vez que outros países ocidentais e a Austrália tem adotado uma postura mais agressiva em relação aos produtos manufaturados chineses. “Com isso, o aumento de eventuais tensões comerciais tende a beneficiar o Brasil, que construiu uma sólida relação diplomática/comercial com a China”, sinaliza.
Iglesias afirma que as exportações devem se tornar cada vez mais atrativas ao Brasil, considerando a atual movimentação cambial, acima da linha dos R$ 6,21/dólar, o que torna os produtos ainda mais competitivos no ambiente internacional. “O deteriorado quadro fiscal brasileiro, somado a uma geopolítica problemática reforçam a perspectiva de manutenção de um real enfraquecido em 2025″, avalia.
A demanda doméstica mais uma vez contará com estrangulamentos, uma vez que a carne bovina tende a se manter em patamar de preço proibitivo, considerando o grande potencial de exportação somado a uma menor oferta, consequência da inversão do ciclo pecuário. O baixo poder de compra da população brasileira reforçará uma tendência de busca por proteínas de menor valor agregado, a exemplo da carne de frango, embutidos e do ovo.
Para Iglesias, as proteínas de origem animal terão grande peso nos índices inflacionários no próximo ano, o que poderá ser observado também ao longo de 2026, ano em que as limitações de oferta causadas pela inversão de ciclo pecuário atingirão o seu ápice.
O ambiente traçado para o mercado pecuário remete a desafios para todos os agentes, exigindo estratégias cada vez mais coerentes, seja na comercialização ou na aquisição de animais para o abate. O fato é que cada vez há menos espaço para erros estratégicos em um segmento cada vez mais exigente e hostil”, conclui.
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Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Safras News
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