Porto Alegre, 3 de janeiro de 2025 – O mercado brasileiro de milho tende a se descolar do cenário internacional no começo de 2025, em meio a um quadro de ajuste entre a oferta e a demanda. Segundo o analista de Safras & Mercado, Paulo Molinari, os preços dos fretes para o deslocamento do cereal a grandes distâncias devem subir muito a partir do momento em que a safra gigante de soja prevista para o Brasil chegar ao mercado, trazendo dificuldades logísticas.
Molinari destaca que o primeiro trimestre de 2025 será marcado pela entrada de safra de milho do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, a partir de janeiro, seguida da produção do Paraná. Já em fevereiro e março, será a vez do mercado receber a safras de milho de São Paulo e de Minas Gerais. Um pouco mais tarde ingressará no mercado uma pequena safra prevista para o estado de Goiás. “Mesmo com o ingresso de oferta, teremos uma safra de verão menor no próximo ano, que será bem ajustada ao potencial de consumo. Num primeiro momento teremos um mercado que sofrerá um pouco em preços com a entrada da colheita, mas que depois deve voltar a trabalhar com patamares mais altos”, avalia.
Para o analista, o potencial de aumento de preços do milho na primeira metade do ano dependerá muito de como se dará o plantio da safrinha. Diferentemente deste ano, quando a maioria das áreas foram cultivadas antes de fevereiro e a colheita iniciou em maio, a semeadura tende a se estender de março a maio, com o cereal entrando no mercado apenas de julho a setembro, dentro de uma janela mais tradicional. “Assim, o cenário para a primeira metade do ano tende a ser meio tenso para o milho, levando em conta o clima para a safrinha, a entrada da nova safra de verão e a alta dos custos dos fretes”, sinaliza.
Molinari entende que, dependendo do posicionamento do produtor, com uma maior retenção de oferta de milho e vendendo a soja, não se descarta uma possibilidade de importação. “Mas para isso o mercado precisaria encontrar uma paridade, uma vez que a operação é cara, custando em torno de R$ 95,00 a R$ 100,00 na fábrica, um valor muito elevado”, explica.
Cenários para o milho no mercado internacional em 2025
No cenário internacional, o ponto central para os preços do milho no primeiro semestre de 2025 será determinado pelo ritmo das exportações norte-americanas. Molinari destaca que a Argentina deverá apresentar uma queda de 20% na área cultivada de milho, mas com uma boa expectativa de produtividade, com um plantio mais tardio, que pode levar a uma produção de 51 milhões de toneladas, a ser colhida entre março e abril. O número deve superar as 47 milhões de toneladas produzidas no ano passado, quando o país foi fortemente afetado pela cigarrinha, perdendo 11 milhões de toneladas de milho, frente a um potencial inicialmente previsto de 58 milhões de toneladas. “A Argentina já apresenta novamente relatos de cigarrinha, mas o produtor tem conseguido fazer um melhor controle dos ataques”, explica.
Quanto ao Paraguai, a expectativa é de que o país possa manter a área a ser cultivada na safrinha de milho, uma vez que os produtores estão pretendendo fazer uma segunda safra de soja, plantando em áreas já ocupadas com a oleaginosa e também em áreas plantadas com trigo.
No que tange aos Estados Unidos, Molinari destaca que tende a haver um bom movimento na exportação, o que já foi observado no último ano, com a menor participação do Brasil. “Como o Brasil deve ficar fora do mercado externo no primeiro semestre e como há dúvidas sobre a capacidade da Ucrânia de atender essa demanda mundial, os Estados Unidos deverão aproveitar para vender tudo que podem. Além disso a Argentina deverá contar com milho apenas em março e abril, o que deixa um hiato de abastecimento, que deverá ser preenchido pelo cereal norte-americano”, conclui.
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Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Safras News
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