Porto Alegre, 30 de dezembro de 2021 – O começo de 2022 deverá ser marcado por desafios para a cadeia brasileira de carne suína. Para o analista de SAFRAS & Mercado, Allan Maia, a perspectiva é de que as margens da atividade permaneçam apertadas, principalmente no primeiro semestre, considerando que o custo de produção seguirá em patamar elevado.
Conforme Maia, o preço do suíno vivo deve encontrar dificuldades para registrar avanços consistentes. Vale destacar que o milho, principal componente da ração, deve apresentar um quadro de estresse nos primeiros meses de 2022. “O estoque de passagem do cereal tende a ser apertado, em meio às quebras na produção já confirmadas no Sul do Brasil. Outro fator de preocupação é com o encarecimento do frete para o deslocamento do milho a longas distâncias, levando em conta o fato da logística, a partir de janeiro, estar centralizada na colheita e escoamento da soja”, avalia.
Os investimentos realizados ao longo dos últimos anos pela indústria resultaram em um incremento na oferta de carne suína, muito embora uma produção controlada seja algo importante a ser realizado pelo setor em 2022. “A demanda interna tende a evoluir com certa dificuldade devido ao processo de deterioração da renda da população. O alto preço da carne bovina, porém, pode ajudar um pouco, levando uma parcela dos consumidores a optar por proteínas substitutas mais acessíveis, ou seja, a carne suína e a de frango”, analisa.
No entendimento de Maia, a produção brasileira de carne suína tende a ser maior no próximo ano, o que pode acabar de certo modo pressionando as cotações. “A produção em 2022 pode chegar a 4,847 milhões de toneladas de carne suína, superando em 1,5% as 4,773 milhões de toneladas projetadas para 2021”, pontua.
Para Maia, outro elemento importante a ser considerado é a incerteza relacionada a atuação chinesa nas importações. A China se depara com excesso de oferta de carne suína e busca agora um enxugamento do seu mercado, para que os preços da sua cadeia suinícola encontrem um patamar saudável, que permitam lucratividade e não comprometam sua produção futura. “Dados da suinocultura chinesa, como preços e tamanho do rebanho precisam ser acompanhados com atenção ao longo de 2022”, sinaliza.
Em meio ao cenário de recomposição do mercado suíno na China, a expectativa é de que país venha a fazer menores compras no cenário internacional em 2022. Com isso, o Brasil, que tem o país asiático como o seu principal destino, deve reduzir as exportações de carne suína no próximo ano para 1,070 milhão de toneladas. “O volume tende a ser menor ante as 1,122 milhão de toneladas esperadas para este ano”, conclui.
Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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