São Paulo, 18 de setembro de 2025 – O presidente Luís Inácio Lula da Silva disse que quer reestabelecer a verdade no País e criticou a aprovação, ontem (17), na Câmara dos Deputados, do projeto que prevê prerrogativa de liberdade para políticos condenados, em discurso na cerimônia de lançamento do Novo PAC Seleções, na tarde desta quinta-feira, no Palácio do Planalto, em Brasília. O governo anunciou R$ 11,7 bilhões para obras em 235 municípios.
“Esse PAC é uma demonstração de como é possível governar de forma republicana. Eu repito sempre: a gente não olha a cor da bandeira do partido a que o prefeito pertence”, disse. “O governar de forma mais correta, ontem, hoje e sempre, é a forma mais correta de acabar com o politicismo dos amigos.”
“Quando a gente não tem dinheiro, ou você faz a obra com o prefeito que é seu amigo, para o prefeito que é seu cabo eleitoral, ou que é do seu partido, ou de acordo com as necessidades do povo, com a importância da cidade e com a credibilidade do projeto. É a forma nem sempre eleitoralmente mais importante, mas eticamente mais digna.”
Lula disse que esperar que, “na época das eleições”, ter clareza de que as pessoas precisam “olhar com pente fino, lupa, quais são os compromissos que as pessoas [os candidatos] querem ter com o povo” e que quando assumiu estava tudo destruído pelo governo anterior. “Esse país não era governado, era destruído. Vocês eram obrigados a ouvir, no mínimo, 11 mentiras por dia. Porque, quando um político não tem o que oferecer ao povo, ele mente.”
Lula disse que “este ano é o ano de recuperação da verdade neste País”. “As pessoas podem mentir para uma, duas pessoas, até para ele mesmo, mas não vão conseguir para toda a sociedade brasileira.”
O presidente mencionou a declaração dada ontem (17), em entrevista à BBC News Brasil e à BBC News, que vetará a proposta de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso o Congresso Nacional aprove o projeto de lei com este tema que tramita no Parlamento. “Ontem, vocês viram, eu fiquei muito chateado. Até dei uma entrevista para a BBC de Londres. A votação ontem no Congresso Nacional, sabe, da prerrogativa, garantindo imunidade, da forma que foi garantida, até para presidente de partido, não é uma coisa séria. O que precisa ser sério é a gente garantir prerrogativa de vida para o povo brasileiro, prerrogativa de trabalho, de educação. Precisamos dar uma lição, de que a classe política existente hoje, a começar por mim, pode, se quiser, fazer a juventude acreditar que um outro país é possível de ser construído.”
Na noite de terça-feira (16), a Câmara dos Deputados aprovou, em segundo turno, o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê autorização da Câmara ou do Senado para o Supremo Tribunal Federal (STF) processar deputado ou senador. Foram 344 votos a favor e 133 contra o texto, em segundo turno. A PEC 3/21 foi batizada pelos parlamentares de PEC das Prerrogativas e também como “PEC da blindagem”. A proposta dificulta o andamento de processos criminais contra deputados e senadores, incluindo até mesmo a execução de mandados de prisão.
O presidente disse que os investimentos anunciados hoje atendem aos prefeitos do País e que ele é um presidente que “não é dono do país”, pois o governo ouviu os governadores e prefeitoss antes de definir os projetos prioritários a serem anunciados. Lula disse que os recursos para as obras já foram aprovados e que as prefeituras devem cobrar o governo federal para que os projetos sejam executados.
“Esse país não crescia mais 3% desde 2010. Só voltou a crescer quando nós voltamos”, disse. Lula também falou sobre os dados de emprego e de recomposição do salário mínimo.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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