Lucro líquido da São Martinho recua 42,3% no segundo trimestre do ano-safra 2022/23

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Porto Alegre, 8 de novembro de 2022 – A São Martinho divulgou ontem o balanço do segundo trimestre da safra 2022/2023, período equivalente ao intervalo entre julho e setembro. O lucro líquido foi de R$ 212,6 milhões, queda de 42,3% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando reportou lucro de R$ 368,4 milhões.

O EBITDA Ajustado totalizou R$ 787,7 milhões, recuou de -0,3%, com margem EBITDA Ajustado de 49,7%. A variação no período reflete, principalmente, a evolução de preços médios de comercialização do etanol (+2,1% no trimestre) e do açúcar (+26,7% no trimestre) e o menor volume comercializado de açúcar (-19,6%) no período. No acumulado da safra o EBTIDA Ajustado totalizou R$ 1.663,4 milhões reflexo da combinação da dinâmica de preços e volumes similar ao segundo trimestre de 2023 com maiores volumes e preços de etanol no primeiro trimestre de 2023.

O EBIT Caixa Ajustado totalizou R$ 440,0 milhões (margem EBIT Ajustada de 27,8%), apresentando uma redução de 10,2% em relação ao segundo trimestre de 2022. No acumulado da safra, o crescimento do indicador reflete principalmente os mesmos efeitos que afetaram positivamente o EBITDA Ajustado no período.

O resultado financeiro totalizou uma despesa de R$ 173,6 milhões, apresentando um aumento superior a 200% em relação ao segundo trimestre de 2022. Nos seis primeiros meses da safra 2022/23, o resultado financeiro líquido resultou em uma despesa de R$ 472,4 milhões. A variação entre safras, se deve, principalmente, à variação da Selic média e futura no período, variação do IPCA anualizado e aumento da dívida líquida média entre os períodos, dado os investimentos realizados, e de despesas que estavam represadas no patrimônio líquido (por meio de Hedge Accounting).

No primeiro semestre da safra 22/23, a companhia processou um total de 16,7 milhões de toneladas de cana de açúcar, apresentando redução de 9,3% em relação ao volume processado no mesmo período da safra anterior. Essa redução reflete principalmente os efeitos das condições climáticas ocorridas ao longo dos períodos – como clima mais seco, além dos efeitos das geadas (que ocorreram em julho/21 em parte dos nossos canaviais – afetando a produtividade de parte da área colhida na safra 2022/23).

Adicionalmente, conforme mencionado no trimestre passado, houve postergação do início da moagem nas unidades Usina São Martinho e Usina Santa Cruz iniciado na segunda quinzena do mês de abril/22. Considerando a redução de 4,1% no nível de ATR médio (139,7 kg/ton), o total de ATR produzido neste primeiro semestre da safra resultou volume 13% inferior em relação ao mesmo período da safra passada.

Em 30 de setembro de 2022, as fixações de preço de açúcar para a safra 22/23 totalizavam 480 mil toneladas de açúcar, a um preço de R$ 2.262/ton. Para a safra 23/24, as fixações totalizavam ~373 mil toneladas de açúcar a um preço de R$ 2.312/ton.

No segundo trimestre da safra 22/23, a receita líquida apresentou crescimento de 11,2% (frente a igual período de 21/22) totalizando R$ 1.584,7 milhões, resultado, principalmente, do maior volume de vendas de etanol (+10,7%), com foco na comercialização para o mercado externo com maiores preços, além de preços maiores do açúcar (+26,7%). No acumulado do primeiro semestre, a receita somou R$ 3,20 bilhões, representando um crescimento de 19,8% vis-à-vis 6M22, devido aos mesmos motivos que afetaram o trimestre.

A receita líquida das vendas de açúcar alcançou R$ 568,2 milhões ao final do segundo trimestre de 2023, um crescimento de 1,9% em relação ao mesmo período da safra anterior, refletindo a contração de 19,6% no volume comercializado decorrente da decisão de concentrar a comercialização de açúcar ao longo dos próximos trimestres, com preços em R$/ton superiores. Para o acumulado do 6M23, a receita líquida apresentou uma redução de 9% totalizando 1.081,9 milhões em linha com a estratégia de comercialização adotada para safra 22/23.

A receita líquida das vendas de etanol avançou 15,2% no segundo trimestre de 2023 (em relação segundo trimestre de 2022) somando R$ 792,1 milhões. A performance no período reflete principalmente o maior volume de exportação de etanol no período, com preço líquido superior ao mercado doméstico, e de anidro no mercado doméstico. No 6M23, a receita líquida apresentou uma expansão de 46,1% totalizando 1.836,4 milhões motivados pelo maior volume de exportação, maior volume comercializado de anidro no mercado interno, e maiores preços e volumes de etanol nos primeiros dois meses da safra.

A receita líquida de comercialização de energia elétrica totalizou R$ 78,2 milhões, apresentando uma queda de 28,8% em relação ao segundo trimestre de 2022, devido ao menor preço spot (PLD) no período e menor volume de vendas. No 6M23, a receita líquida reduziu 23,2% motivado por menores preços (-15,9% relativos aos 6M22) e volumes (-8,8% vis-à-vis 6M22).

A receita líquida de comercialização de levedura totalizou R$ 28,7 milhões, uma expansão de 29,3% versus o mesmo período da safra anterior, como consequência da combinação de maiores preços e volumes comercializados no período. Para o período acumulado, a receita líquida apresentou crescimento de 13,6% em virtude, principalmente, de melhores preços no período.

O CPV caixa registrado somou R$ 688,6 milhões, 24,4% superior ao mesmo período da safra anterior, em decorrência, principalmente, da queda da produção , prejudicando a diluição dos custos fixos, variação no preço de insumos, notadamente diesel , fertilizantes e defensivos agrícolas e do aumento do Consecana (+6,8%) no período.

Em relação ao guidance de investimento para a safra 22/23, revisamos o capex de manutenção em 2,1% em relação as estimativas inicias, decorrente da variação de preços dos insumos utilizados no plantio (renovação) e tratos culturais, assim como diesel no período.

Quanto ao capex dedicado à melhoria operacional, a estimativa é um total atualizado de R$ 237 milhões, 1,3% superior ao guidance publicado em 20 de junho de 2022.

Em relação a modernização/expansão, o montante estimado é de aproximadamente R$ 790 milhões (+38,6% vis-à-vis o guidance anterior), contemplando novos investimentos aprovados para safra, incluindo: o plano hídrico, a flexibilização da produção de anidro em São Paulo e o plano de irrigação na Usina São Martinho. Todos os projetos apresentam taxa de retorno desalavancado próximo a 18% a.a. em média.

Adicionalmente, as estimativas contemplam a planta de etanol de milho em Goiás (R$ 400 milhões) e a UTE fase II em São Paulo (R$ 150 milhões). Considerando os pontos mencionados, o capex total foi revisado para aproximadamente R$ 2,9 bilhões.

PROJEÇÕES

A companhia espera um volume de cana processada de 20,011 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 1,4% ao guidance projetado anteriormente. O volume de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) médio deve somar 140 quilos por tonelada, recuou de 1,3%.

A produção de açúcar na safra 2022/2023 prevista é de 1,201 milhão de toneladas. Com relação ao etanol, a projeção é de 903 mil de m3, recuo de 0,5%. O mix de açúcar-etanol deve ser de 45%-55%.

Segundo a companhia, a atualização reflete os efeitos das condições climáticas ocorridas ao longo da safra 21/22, notadamente, a estiagem prolongada e as geadas ocorridas julho/21 impactando a produtividade de parte da área colhida na safra 2022/23.Adicionalmente, o mix de produção revisado decorre das condições mercadológicas favorecendo a comercialização de açúcar em relação ao etanol. Com informações da Agência CMA.

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Revisão: Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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