O mercado do feijão carioca encerrou a semana em estado de paralisia operacional, com liquidez mínima e negócios praticamente inexistentes. Segundo o analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, ao longo dos últimos dias, predominou um ambiente de preços exclusivamente nominais, sem sustentação por transações efetivas.
O fator central da estagnação foi o sumiço completo do setor industrial e de empacotadoras do mercado spot. A indústria opera apenas com entregas já contratadas, sem demonstrar necessidade de reposição, retirando o principal motor de demanda da cadeia. Sem indústria, o produtor ficou sem canal ativo de escoamento.
A tentativa recente de sustentação especulativa nos padrões comerciais (nota 7,5 e nota 8) fracassou. A estratégia de corretores baseada em suposta escassez física não encontrou resposta do comprador. “O mercado virou o jogo: agora são os compradores que recebem ofertas, enquanto os vendedores aguardam propostas”, ressaltou o especialista.
Mesmo os grãos de alta qualidade (nota 9) permaneceram totalmente encalhados, com pedidas ao redor de R$ 250 por saca, evidenciando que o problema atual não é preço, mas ausência de demanda efetiva. Para Oliveira, os últimos negócios entre R$ 205 por saca e R$ 225 por saca ficaram ficaram apenas como referência histórica.
Queda de preços no preto rompe sustentação e leva margens do produtor ao limite
O feijão preto atravessa a semana em quadro crítico e distópico, com o mercado praticamente congelado. “A liquidez atingiu níveis tão baixos que, em alguns dias, nem ofertas foram expostas pelos corretores, sinal claro de paralisia total das negociações”, observou o analista.
As cotações permanecem apenas no campo nominal, com pedidas entre R$ 115 e R$ 165 por saca (CIF SP). Mesmo o produto extra já beneficiado encontra severa dificuldade de escoamento, limitando-se a cerca de R$ 175 por saca, patamar tecnicamente insuficiente para estimular reação consistente de oferta ou demanda.
O cenário estrutural é de estoques elevados, escoamento extremamente lento, varejo com baixo giro, indústria sem capacidade de repasse e produtor travado por falta de preço. A situação se agrava porque, desde abril deste ano, a média das cotações no Paraná permanece abaixo do preço mínimo oficial (R$ 152,91 por saca), caracterizando destruição direta de margem ao produtor.
“Como resposta à crise, o ajuste está ocorrendo de forma forçada via corte de área”, concluiu Oliveira. O Paraná já confirma redução de 38% na primeira safra 2025/26 (feijão preto podendo chegar a 50%), evidenciando que o reequilíbrio da oferta está sendo imposto pela inviabilidade econômica e não por recuperação de consumo.
Luciana Abdur – luciana.abdur@safras.com.br (Safras News)
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