La Niña deve continuar no verão e aumento de chuva é esperado no RS

769

     Porto Alegre, 21 de dezembro de 2020 – Para os próximos meses, há uma probabilidade que permaneçam as condições do fenômeno La Niña, o que deverá contribuir para o aumento das precipitações no verão. É o que indica o boletim de janeiro, fevereiro e março de 2021 do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs). As previsões apresentadas para o trimestre são resultado do Modelo Regional Climatológico implementado no Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPMet/UFPel) e do modelo do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

     A previsão indica para o mês de janeiro precipitação pluvial um pouco acima do padrão climatológico para todo o Estado. Para o mês de fevereiro, o prognóstico é de precipitação pluvial irregular com valores próximos do padrão climatológico. Para março são previstas precipitações pouco abaixo do padrão no sudoeste do Estado e próximas do padrão climatológico nas demais regiões. As temperaturas deverão ficar acima do padrão climatológico em todo o trimestre no Rio Grande do Sul.

“É importante ressaltar que o prognóstico de precipitação pluvial na média ou ligeiramente acima da média no trimestre janeiro/fevereiro/março de 2021, não significa, obrigatoriamente, que eventuais períodos de estiagem não ocorrerão”, alerta a coordenadora do Copaaergs, Loana Cardoso.

     Segundo a pesquisadora, o boletim diz que há tendência de que as chuvas apresentem distribuição temporal e espacial irregular, ou seja, podem ocorrer sequências de dias sem chuva, e as mesmas, quando ocorrerem, podem ser localizadas, de elevada intensidade e em curtos períodos. “Além disso, é importante considerar que o prognóstico de temperaturas acima da média indica aumento da demanda evaporativa da atmosfera e consequentemente aumento da demanda hídrica das culturas.”

O boletim do Copaaergs é elaborado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 14 entidades públicas estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período.

Orientações técnicas para as culturas

Arroz

* Racionalizar o uso da água disponível através de técnicas de manejo adequadas, tais como movimentação mínima da água nos quadros e manutenção de baixas lâminas de água;

* Utilizar adubação nitrogenada em cobertura de acordo com a expectativa de produtividade. Atentar para o fato de que há tendência de temperaturas do ar acima da média histórica em janeiro, o que pode antecipar, em alguns dias, a data de ocorrência da diferenciação da panícula.

Feijão

* Nas regiões em que a cultura está em desenvolvimento vegetativo, fazer adubação em cobertura quando o solo apresentar umidade adequada;

* Irrigar, quando necessário, preferencialmente durante a floração e o desenvolvimento de vagens;

* Na safrinha, escalonar a época de semeadura e, se possível, utilizar mais de uma cultivar, respeitando o zoneamento agrícola.

Milho

* Escalonar a época de semeadura e utilizar cultivares de ciclos diferentes;

* Para reduzir a competição por água no solo, evitar semeadura com altas densidades de plantas;

* Fazer adubação em cobertura quando o solo apresentar umidade adequada ou quando houver previsão de ocorrência de precipitação pluvial;

* Reservar água para irrigação, priorizando os períodos críticos da cultura: floração e enchimento de grãos;

* Se houver demanda por alimentação animal, poderá ser realizada semeadura de milho para obtenção de silagem.

Soja

* Nas semeaduras no mês de dezembro utilizar, preferencialmente, cultivares de ciclo tardio;

* Se houver disponibilidade de água para irrigação, destiná-la, preferencialmente, à floração e ao enchimento de grãos.

Hortaliças

* Dar preferência ao sistema de gotejamento para evitar molhamento foliar e otimizar o uso da água;

* Em ambientes protegidos (túneis e estufas), proceder à abertura o mais cedo possível no lado contrário ao vento;

* Dar preferência por mudas com torrão (sem raiz nua). Evitar a produção de mudas em recipientes que acarretem redução do sistema radicular;

* Usar cobertura (tela de sombreamento e outras) para reduzir a radiação solar sobre as plantas.

Forrageiras

* O prognóstico de chuvas na média ou ligeiramente abaixo da média nos meses de fevereiro e março torna importante o aumento do estoque de forragens na propriedade, seja no campo (redução da carga animal ou diferimento de potreiros), seja através de forragens conservadas (feno ou silagem);

* No manejo das pastagens, procurar manter a cobertura do solo através de resíduo relativamente alto, manejando o pasto de acordo com a lotação animal recomendada para cada forrageira (ex. 12% de oferta de forragem em campo nativo);

* Utilizar suplementações estratégicas para as categorias dos rebanhos mais necessitados nos períodos em que ocorrerem estiagens;

* Em caso de falta de chuvas, indica-se, quando possível, a irrigação de pastagens cultivadas. Com informações da assessoria de imprensa da Seapdr.

     Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

Copyright 2020 – Grupo CMA