Porto Alegre, 28 de julho de 2023 – O mercado brasileiro de trigo teve um mês de julho parado. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Elcio Bento, os agentes evitaram aumentar sua exposição devido às incertezas vindas do Mar Negro.
“A alta volatilidade do mercado internacional dificulta uma tomada de decisão. Como os moinhos estão abastecidos e o produtor não tem necessidade de vender, uma vez que começaram a receber o custeio agrícola para a safra de verão, a necessidade de fazer caixa diminuiu. Além disso, o foco dos produtores está voltado ao manejo das lavouras”, explicou.
Conab
O plantio de trigo avançou para 97,9% da área estimada para a temporada 2022/23 nos sete principais estados produtores do Brasil (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul que representam 99,9% do total), conforme levantamento semanal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com dados recolhidos até 22 de julho. Na semana anterior, a semeadura estava em 93,6%. Em igual período do ano passado, o número era de 96,6% também.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório mensal de julho, que a safra 2023 de trigo do Paraná deve registrar uma produção de 4,577 milhões de toneladas, 30% acima das 3,515 milhões de toneladas colhidas na temporada 2022. Atualmente, 94% das lavouras estão em boas condições.
A área cultivada deve ficar em 1,396 milhão de hectares, contra 1,237 milhão de hectares em 2022, alta de 13%. A produtividade média é estimada em 3.278 quilos por hectare, acima dos 2.847 quilos por hectare registrados na temporada 2022.
Rio Grande do Sul
O plantio de trigo atinge 97% da área no Rio Grande do Sul. Segundo a Emater/RS, na semana passada, eram 95%. Em igual momento do ano passado, 93%. A média dos últimos cinco anos para o período é de 97%. A área cultivada na safra 2023 está estimada em 1.505.704 hectares, e a produtividade prevista é de 3.021 kg/ha.
Mar Negro
A volatilidade do mercado internacional foi ditada pela escalada do conflito na região do Mar Negro. A Rússia bombardeou infraestruturas portuárias da Ucrânia, ameaçando o fornecimento de grãos do país. Os preços em Chicago dispararam na penúltima semana de julho, mas logo passaram a se acomodar. O analista de SAFRAS & Mercado, Elcio Bento, credita muito desta oscilação à especulação. Os fundamentos sazonais são baixistas, com a colheita da safra do Hemisfério Norte a pleno vapor.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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