Janeiro foi de volatilidade nas bolsas, com preços do café em elevação

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O mês de janeiro manteve a volatilidade intensa nas bolsas de futuros de café em Nova York para o arábica e em Londres para o robusta. No balanço mensal, as cotações subiram nas bolsas, com o mercado bastante ligado às questões financeiras globais e apreensivo com a oferta, sobretudo de curto prazo.

O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, destaca a volatilidade da Bolsa de NY. “Mesmo se afastando um pouco do pico de alta alcançado em dezembro, quando o café arábica chegou a trocar de mãos acima de 200 cents no terminal de NY, ele conseguiu sustentar boa parte dos ganhos. Carrega um pouco dos ganhos fundamentais do final da temporada20 23/24, com a revisão para baixo na produção de robusta, frente à nova frustação na safra do Vietnã”, comenta.

     Barabach coloca ainda que o mercado precifica o gargalo logístico causado pelo conflito no Mar do Vermelho, que encarece os fretes marítimos e altera rotas da Ásia para a Europa. “Esses problemas afetam o robusta em Londres, mas acabam influenciando positivamente também o arábica em NY”, salienta.

Consultor de SAFRAS avalia mercado de café

Além do fundamento, o consultor avalia que também há um importante componente financeiro nesses ganhos em bolsa. Observa que o café acompanha de perto as idas e vindas do petróleo. “E muitas vezes se movimenta inversamente ao comportamento do dólar, especialmente em mudanças em relação às moedas emergentes, em especial contra o real, dado o peso do Brasil no mercado internacional de café. Percebe-se, claramente, uma ansiedade dos operadores tentando antecipar sinais sobre o início do ciclo de corte de juros nos EUA, o que vem dando o tom mais nervoso aos mercados financeiros nesse começo de 2024”, afirma.

Para Barabach, em meio à incerteza financeira e aos problemas de fluxo para Europa, é natural uma postura mais conservadora dos operadores com café, especialmente os fundos, que por isso carregam uma carteira comprada com café, o que ajuda a manter o mercado próximo das máximas nesse início de ano.

Essas variáveis de sustentação de preço estão baseadas em fatores que podem ser reversíveis no curto prazo, alerta o consultor. Uma melhor direção do Fed e a normalização no fluxo pelo Canal de Suez tiraria sustentação das cotações. “Em linha geral, o próximo direcional fundamental do mercado de café é o tamanho da próxima safra brasileira”, analisa.

As projeções preliminares indicam que a safra brasileira 2024 será maior que a de 2023, avalia Barabach. “Então, a expectativa é que tenha mais café do Brasil esse ano. Isso de alguma forma está sendo precificado de forma tímida pelo mercado, que carrega spread negativo entre os vencimentos na ICE US até setembro/24”, diz. Situação similar e estendida até 2025 é observada para o robusta em Londres. “No caso do robusta, a expectativa é de melhora no abastecimento ao longo de 2024, com safra normal no Vietnã e normalidade no fluxo Ásia-Europa”, conclui.

No balanço mensal de janeiro, na Bolsa de NY o contrato março acumulou uma alta de 3%, saindo de 188,30 centavos de dólar por libra-peso ao final de dezembro para 194,05 centavos ao final de janeiro. Em Londres, o robusta para março acumulou valorização de 16,3% no mesmo período, tendo atingido patamares recordes para os contratos vigentes ao longo de janeiro.

O mercado físico brasileiro de café seguiu o direcionamento das bolsas. O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais fechou janeiro na base de compra a R$ 1.010,00 a saca de 60 quilos, acumulando uma alta de 2% sobre o encerramento de dezembro (R$ 990,00 a saca). O conilon subiu mais, em linha com o robusta em Londres. O tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, avançou de 765,00 a saca do final de dezembro para R$ 850,00 a saca ao final de janeiro na base de compra, uma valorização de 11,1%.

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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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