Porto Alegre, 2 de janeiro de 2023 – O dólar comercial fechou a R$ 5,357 para venda, com valorização de 1,47%. Às 17h05min, o dólar futuro para fevereiro tinha alta de 1,29% a R$ 5,390. As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a extensão da isenção de PIS e Cofins para os combustíveis foram mal recebidos pelos investidores e determinaram a elevação da moeda americana.
Ontem, em seu discurso, Lula reforçou a revogação do teto de gastos, o uso de bancos públicos e empresas estatais como principal indutor do desenvolvimento econômico local e antecipação de uma revisão de marcos (como reforma trabalhista). Sinalizou ainda um freio no processo de privatizações.
Segundo Rafael Passos, economista da Ajax Capital, o discurso de Lula é contrário à agenda fiscal mais rigorosa, em meio a um ambiente de gastos públicos maiores e incertezas de como será feita a recomposição de receitas.
“Estas propostas, conforme o volume e intensidade a serem adotados, causam preocupação pelos seus impactos negativos nas contas públicas, na eficiência de alocação dos recursos e na política monetária, disse Passos”. O cenário local seguirá desafiador no curto prazo, completou.
Já Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, lembrou que o discurso duro na posse mostra que o governo deve intervir nas estatais.
“A gente vê um fluxo de saída de dólar do investidor local, o que já tínhamos visto em dezembro, disse. O investidor estrangeiro já conhece o presidente, precisamos ver como será a reação durante a semana, com a volta do feriado no exterior”, afirmou.
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, comentou que a sinalização sobre a medida da desoneração dos combustíveis desagradou o mercado. “É um indicativo ruim, qualquer dúvida que tiver, provavelmente vai pender para o populismo e não para a responsabilidade fiscal”. O analista se refere ao discurso de Haddad na semana passada que foi bem recebido pelo mercado quando disse que não haveria prorrogação da isenção dos impostos sobre os combustíveis.
Komura afirmou que hoje Haddad disse que tem que ficar de olho no social, mas “o social não é descasado com o fiscal, na verdade eles andam juntos, você só tem recurso para o social se tem um fiscal ajuste e aí está o problema na visão do mercado”.
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Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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