Porto Alegre, 24 de maio de 2021 – O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta segunda-feira (24), revisão da previsão para a inflação brasileira em 2021: o Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi revisto de 4,6% para 5,3%. Nos últimos meses, houve uma mudança nos fatores de pressão sobre a inflação no país.
Em 2020, a aceleração dos preços estava ligada ao forte aumento dos alimentos, mas, em 2021, a elevação da inflação decorre especialmente do aumento dos preços monitorados (a expectativa de alta passou de 6,4% para 8,4%). Além dessa alta de dois pontos percentuais, o aumento nas previsões da inflação dos bens industriais e dos serviços livres exceto educação, que avançaram de 3,8% e 3,6% para 4,3% e 4%, respectivamente, também ajudam a explicar esse incremento na taxa de variação esperada para o IPCA em 2021. No caso dos alimentos no domicílio, Grupo de Conjuntura do Ipea manteve a previsão de inflação para este segmento de 5%.
No acumulado em 12 meses, a inflação medida pelo IPCA segue em alta (tendo atingido 6,76% em abril deste ano). Contudo, as projeções indicam recuo na inflação de 12 meses no segundo semestre, uma vez que, nos primeiros meses da pandemia em 2020 houve deflação (tornando a base de comparação baixa) e, no segundo semestre, a significativa aceleração inflacionária aumentou a base de comparação.
Os pesquisadores revisaram também a previsão do Indice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 4,3% para 4,7% em 2021, sendo que, em 2020, o índice chegou a 5,5%. Apesar da alta de 6,8% para 8% nos preços monitorados, o índice que mede a inflação das famílias residentes nas áreas urbanas que ganham de um a cinco salários mínimos deve ter alívio inflacionário proveniente da pressão menor dos alimentos, com alta prevista de 5,2% ante 18,9% registrada em 2020. Porém, a revisão para cima dos reajustes para os bens industriais e os serviços livres exceto educação também contribuíram para a elevação da projeção do INPC este ano.
“Os riscos para essa previsão de inflação em 2021 estão relacionados às oscilações da taxa de câmbio e dos preços internacionais das commodities, que podem surpreender positiva ou negativamente”, avaliou o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior.
A expectativa para o restante do ano de 2021 é de estabilidade nas cotações das commodities em patamar elevado, mesmo diante de um contexto que prevê um aumento da oferta. O controle da pandemia e a retomada mais forte da economia mundial devem contribuir para a manutenção do atual cenário, marcado por um descasamento entre oferta e demanda, impedindo uma queda dos preços internacionais.
As informações são da assessoria de imprensa e comunicação do Ipea.
Revisão: Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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