O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em um evento no Greater Providence Chamber of Commerce em Rhode Island, reafirmou seu compromisso de levar a inflação americana de volta à meta de 2%, destacando os desafios enfrentados pela economia após anos turbulentos marcados pela pandemia e pela lenta recuperação financeira global.
Powell destacou a desaceleração do crescimento econômico, que subiu 1,5% no primeiro semestre de 2025, contra 2,5% em 2024, atribuída principalmente à queda no consumo e à fraqueza do setor imobiliário. O mercado de trabalho também mostrou sinais de arrefecimento, com crescimento lento e aumento sutil na taxa de desemprego, que atingiu 4,3% em agosto. Essa dinâmica cria riscos de queda mais acentuada no emprego, que podem se manifestar rapidamente em demissões em massa.
No que diz respeito à inflação, Powell indicou que ela desacelerou desde os picos de 2022, mas continua elevada, especialmente nos preços de bens, impulsionados por tarifas comerciais. Embora classificasse parte do aumento dos preços como um fenômeno pontual por conta das tarifas, ele alertou para a incerteza sobre seu impacto, garantindo que o Fed agirá para evitar que esses aumentos se perpetuem.
Ao ajustar a política monetária, o presidente do Fed frisou que a instituição busca um equilíbrio difícil entre controlar a inflação sem provocar um enfraquecimento excessivo do mercado de trabalho. Por isso, o Fed reduziu recentemente a taxa básica para uma faixa entre 4% e 4,25%, mantendo uma postura moderadamente restritiva, pronta para se adaptar conforme novos dados econômicos forem surgindo.
Já na parte de perguntas e respostas, Powell falou sobre o Livro Bege, que é divulgado duas semanas antes da reunião do Fomc, e que ele tem ‘informações que são de alta qualidade’. Ele reforçou várias vezes a importância de seguir o duplo mandato do banco, de ter pleno emprego e inflação sob controle.
Ao falar sobre inteligência artificial (IA), ele disse que ainda é cedo para saber se os efeitos da tecnologia já são sentidos no mercado de trabalho. Ele acredita que alguns empregos devem acabar e outros se intensificar com o uso da IA. “Jovens precisam melhorar suas habilidades para ingressar e evoluir no mercado de trabalho”, afirmou.
O mesmo ele diz sobre as tarifas, que os efeitos ainda não são sentidos de forma total. Para ele, são os varejistas e importadores que vêm pagando pelas taxas, e que o consumidor final não sentiu grandes aumentos de preços.
Sobre os cortes de juros, ele se mostrou cauteloso, por receio de que se os cortes forem intensos, e a inflação voltar, será mais difícil domá-la. Por fim, ele disse que não se pensa em política durante as reuniões de política monetária, e afirmou que as decisões tomadas pelos membros do Fed são tomadas em meio a um clima alto de incerteza. “Pensamos na economia e em efeitos plausíveis no curto prazo”.
