Porto Alegre, 14 de abril de 2022 – O mercado doméstico de arroz vem confirmando o cenário baixista que se desenhava nas últimas semanas. A entrada de safra do Rio Grande do Sul e os recuos do dólar frente ao real trouxeram pressão aos preços domésticos, mesmo com o bom volume de exportação no mês de março.
Em março, o mercado brasileiro teve bons volumes de exportação contabilizados pelo Secex. O volume de arroz exportado foi de aproximadamente 180 mil toneladas. “Apesar destes volumes importantes, a importação volta a crescer, sendo originada principalmente do Paraguai nas últimas semanas de março e neste começo de abril”, destaca o analista e consultor de SAFRAS & Mercado, Gabriel Viena.
O volume de importação ficou estimado em 111 mil toneladas. “Segundo conversas com compradores e importadores, grandes volumes estão sendo trazidos do Paraguai e devem fazer ainda mais pressão aos preços nos próximos meses”, aposta o analista.
“Quando analisamos os fatores que, até o final do ano passado indicavam uma temporada de preços em alta, hoje vemos um cenário fortemente baixista”, pondera Viana. As quedas na produtividade da região Sul têm se mostrado menor do que era esperado. “Ou seja, podemos ter nas próximas semanas correções positivas para produtividade e produção total da safra gaúcha de arroz”, explica.
O sétimo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra brasileira 2021/22 de arroz indica produção de 10,526 milhões de toneladas, o que representa um decréscimo de 10,5% sobre as 11,766 milhões de toneladas de 2020/21. No levantamento anterior, foram 10,348 milhões de toneladas.
Quanto a questão cambial, o cenário que se desenhava até o final da temporada passada era de que, sendo ano de eleição, teríamos grande volatilidade cambial. “Com os dois principais candidatos da corrida eleitoral sendo fortemente opostos – Lula e Bolsonaro-, era esperado que o mercado ficasse tenso e o câmbio subisse ao longo do ano, atingindo o ápice pouco antes da eleição”, comenta o consultor.
“O que vemos, porém, é um movimento de grande entrada de câmbio do exterior, fortificado pelas seguidas altas da Selic e a lentidão no aumento da taxa de juros norte-americana pelo FED”, frisa o analista. “Ao mesmo tempo, um mercado que já vem precificando possíveis vitórias de Lula ou Bolsonaro, considerando que ambos devem ter discursos e políticas mais “pró-mercado” nesta eleição”, finaliza.
Rodrigo Ramos/ Agência SAFRAS
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