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Haddad diz que crimes no setor de combustíveis envolvem lavagem de dinheiro e compra de armas nos EUA

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São Paulo, 27 de novembro de 2025 – Em entrevista coletiva em Brasília na manhã desta quinta-feira (27), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (27) que o crime organizado tem utilizado fundos de investimento para lavar dinheiro nos Estados Unidos e está importando, de forma ilegal, armamentos de origem americana. As informações referem-se à Operação Poço de Lobato, deflagrada na manhã de hoje, que busca desarticular esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis.

“Nós mapeamos um forte movimento de evasão de divisas”, frisou o ministro, que disse que isso extrapolou as fronteiras nacionais. “Eu e o ministro [da Justiça e Segurança Pública, Ricardo] Lewandowski fizemos chegar ao presidente Lula a necessidade de pautar o crime organizados nas negociações com os Estados Unidos. Por que eles estão utilizando o estado de Delaware, que é um paraíso fiscal nos EUA, para montar operações de evasão de divisas e lavagem de dinheiro”, afirmou o ministro.

Haddad: ‘Precisamos aprovar lei do devedor contumaz’

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou a operação que investiga fraudes no setor de combustíveis e defendeu a aprovação da lei do devedor contumaz.

“Para continuarmos o nosso trabalho, precisamos abrir essas duas frentes: primeiro, aprovar a lei do devedor contumaz, é um apelo que eu deixo aqui, pela enésima vez. É um trabalho que nós estamos fazendo há 3 anos, nós aperfeiçoamos o texto. Nós incluímos na lei do devedor contumaz uma série de benefícios para o bom contribuinte, justamente para separar o joio do trigo. Lembrando que 99% terão a proteção da lei, e o 1%, nós vamos inibir a prática ilícita em atividades econômicas com a aparência de atividade lícita. Vamos inibir essas práticas criminosas e vamos proteger o bom contribuinte, que vai receber outros benefícios.”

Haddad disse que a lei do devedor contumaz “é muito equilibrada” e lembrou que ela foi aprovada por unanimidade no Senado. “Podemos fazer uma agenda de segurança pública, envolvendo polícia, Receita. Estive ontem com o senador Alessandro Vieira, que é uma pessoa equilibradíssima, e que entendeu os pontos necessários para podermos harmonizar as duas casas em torno de um projeto que represente a vontade de todo o país, como foi feito com as duas reformas tributárias”, disse.

O ministro disse que há uma oportunidade, junto com as medidas enviadas pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski ao Congresso, “de reorganizar o país e combater o andar de cima”, citando as leis Antifacção, do Devedor Contumaz, a PEC da Segurança Pública e a lei que pune com mais severidade o crime de receptação. “É preciso combater também o andar de cima, que irriga com bilhões as atividades criminosas”.

Operação Poço de Lobato 

A Receita Federal, em conjunto com órgãos parceiros, deflagrou nesta quinta-feira, 27 de novembro, a Operação Poço de Lobato, para combater um sofisticado esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis.

Estão sendo cumpridos 126 mandados de busca e apreensão contra pessoas físicas e jurídicas em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e Bahia.

Participam da operação servidores públicos da Receita Federal do Brasil (RFB), Ministério Público de São Paulo (MP/SP), Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz/SP), Secretaria Municipal de Fazenda de São Paulo (SMF), Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo (PGE/SP) e Polícias Civil e Militar.

O grupo investigado mantém relações financeiras com empresas e pessoas ligadas à Operação Carbono Oculto, realizada em agosto de 2025, e figura como o maior devedor contumaz do País, com débitos superiores a R$ 26 bilhões.

A PGFN e o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira/SP) obtiveram o deferimento de medidas cautelares em ações judiciais cíveis que bloquearam mais de R$ 10,2 bilhões em bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos, para a garantia do crédito tributário.

Por meio de complexas operações financeiras, o grupo movimentou mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano, utilizando empresas próprias, fundos de investimento e offshores incluindo uma exportadora fora do Brasil para ocultar e blindar lucros. Suas operações financeiras são administradas pelo próprio grupo, que controla empresas financeiras e utiliza estruturas internacionais para blindagem patrimonial.

A investigação abrange todos os níveis da cadeia de combustíveis, da importação à comercialização ao consumidor final. O grupo possui núcleo no estado do Rio de Janeiro e atuação em praticamente todo o território nacional.

Fraudes

Importadoras atuavam como interpostas pessoas, adquirindo do exterior nafta, hidrocarbonetos e diesel com recursos proveniente de formuladoras e distribuidoras vinculadas ao grupo. Apenas entre 2020 e 2025, foram importados mais de R$ 32 bilhões em combustíveis pelos investigados.

A empresa foi alvo da recente Operação Cadeia de Carbono, na qual foram retidos quatro navios contendo aproximadamente 180 milhões de litros de combustível. Em decorrência dessa operação, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) determinou a interdição da refinaria após constatar diversas irregularidades, entre elas a suspeita de importação com falsa declaração do conteúdo (gasolina importada declarada como derivados de petróleo para industrialização), ausência de evidências do processo de refino e indícios de uso de aditivos químicos não autorizados pela regulamentação, pois alteram as características do produto e podem indicar tentativa de adulteração do produto vendido ao consumidor.

Formuladoras, distribuidoras e postos de combustíveis também vinculados à organização sonegavam reiteradamente tributos em suas operações de venda.

As apurações revelaram ainda que formuladoras, distribuidoras e postos de combustíveis vinculados ao grupo sonegavam reiteradamente tributos em suas operações de comercialização, ampliando o impacto das irregularidades sobre a arrecadação e a concorrência no setor.

Ocultação

Os valores do grupo eram concentrados em empresas financeiras controladas pelo próprio grupo. A Receita Federal identificou que uma grande operadora financeira atuava como sócia de outras instituições que também prestavam serviços ao grupo. Esse núcleo movimentou mais de R$ 72 bilhões entre o segundo semestre de 2024 e o primeiro semestre de 2025.

O esquema envolvia uma empresa financeira mãe controlando diversas filhas, criando operações complexas que dificultavam a identificação dos verdadeiros beneficiários. Assim como na Carbono Oculto, foram exploradas brechas regulatórias, como as contas-bolsão, que impedem o rastreamento do fluxo dos recursos. A principal financeira tinha 47 contas bancárias em seu nome, vinculadas contabilmente às empresas do grupo.

Após a paralisação das distribuidoras ligadas à Carbono Oculto, o grupo alvo da Poço de Lobato alterou totalmente sua estrutura financeira, substituindo o modelo usado desde 2018 por outro com novos operadores e empresas. Esses operadores, antes responsáveis por movimentações de cerca de R$ 500 milhões, passaram a movimentar mais de R$ 72 bilhões após 2024.

Blindagem

O dinheiro ilícito era reinvestido em negócios, propriedades e outros ativos por meio de fundos de investimento, dando aparência de legalidade e dificultando o rastreamento. A Receita Federal já identificou 17 fundos ligados ao grupo, que somam patrimônio líquido de R$ 8 bilhões. Em sua maioria, são fundos fechados com um único cotista, geralmente outro fundo, criando camadas de ocultação. Há indícios de que as Administradoras colaboraram com o esquema, omitindo informações à Receita Federal.

Operações com empresas offshore

A análise dos fundos identificou a participação de entidades estrangeiras como sócias e cotistas, além da coincidência de representantes legais entre offshores e fundos. Essas entidades foram constituídas em Delaware, nos Estados Unidos, jurisdição conhecida por permitir a criação de empresas do tipo LLC com anonimato e sem tributação local, desde que não gerem renda em território norte-americano. Por meio dessa estrutura, as entidades deixam de ser tributadas tanto nos EUA quanto em território nacional. Tal prática, é comumente associada a estratégias voltadas à lavagem de dinheiro ou blindagem patrimonial dos envolvidos.

Uma das principais operações internacionais envolveu a aquisição de uma exportadora em Houston, Texas, da qual foram importados combustíveis no valor de mais de R$ 12,5 bilhões entre 2020 e 2025. Já foram identificadas mais de 15 offshores nos EUA, que remetem recursos para aquisição de participações e imóveis no Brasil, totalizando cerca de R$ 1 bilhão. Também foram detectados envios ao exterior superiores a R$ 1,2 bilhão sob a forma de contratos de mútuo conversíveis em ações, que podem retornar ao Brasil como investimentos por meio de outras offshores, fechando o ciclo.

O nome da Operação Poço de Lobato faz referência ao primeiro poço de petróleo perfurado no Brasil, em 1939, no bairro Lobato, em Salvador (BA), marco inicial da exploração petrolífera nacional. A escolha do nome está diretamente relacionada à atividade da empresa alvo da operação, que atua no setor de combustíveis e figura entre os maiores sonegadores do país.

Com informações da Receita Federal.

Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

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