Logo (4)
COTAÇÕES
Dólar
R$ 5,74
Euro
R$ 6,21

Haddad aposta em boa recepção da proposta do IR no Congresso, diz que alta da Selic estava contratada e contesta pesquisa

Links deste artigo

Porto Alegre, 20 de março de 2025 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, acreditar que a proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) terá boa recepção no Congresso. Haddad afirmou ainda que a alta de 1 ponto percentual na Selic, anunciada ontem, já havia sido contratada desde dezembro e minimizou o resultado de recente pesquisa que apontou queda na popularidade do ministro junto ao mercado.

 

“A proposta vai incluir no pagamento do IR quem hoje não está pagando. Estamos falando de justiça tributária. É a primeira vez que fazemos isso”, disse o ministro, garantindo que não haverá um centavo a mais de aumento na receita do governo. Haddad acredita que a contribuição para boa parte da população será o equivalente a um 14o salário.

 

O ministro frisou que os super ricos que pagam impostos não serão tocados pela nova proposta. “Estamos avaliando essa medida há mais de um ano. Nada foi feito de forma apressada”, argumentou Haddad. “A bolsa subiu e o dólar caiu após o anúncio da medida. As pessoas estão entendo. Nem a extrema direita tem argumento para ser contra”, completou.

 

Haddad disse que, tendo a compensação, estados e municípios não perderão arrecadação. Sobre a tramitação no Congresso, ele lembrou que há super ricos nas casas, mas que “tem muita gente que tem renda que acredita na justiça social proveniente da proposta. Eles sabem que a proposta é justa”.

 

Segundo o ministro, “é óbvio que há pessoas que ganham milhões e que não querem pagar imposto”. Na avaliação de Haddad, no entanto, essa não é a maioria. “A maioria sabe que tem que contribuir para um país mais justo”.

 

Ao lembrar os feitos do atual governo em busca de justiça tributária, Haddad alfinetou o seu antecessor Paulo Guedes. “O meu antecessor tinha dinheiro em paraíso fiscal e não pagava imposto. Agora isso acabou”, afirmou.

 

Haddad frisou que a isenção do IR é o começo de uma discussão que o Brasil precisa fazer e que representa a justiça tributária. Ainda sobre a tramitação, Haddad disse que o Congresso vota também contra o governo e que isso faz parte do processo democrático. Lembrou de embates como a questão do Perse e da desoneração e que se buscou alternativas para o bem do país.

 

“Acabar com privilégios é tão importante quanto anunciar medidas de cortes fiscais e fizemos isso no ano passado”, citou o ministro. “Estamos atuando no corte dos gastos tributários, buscando a justiça social. Mas não tiro os méritos e o direito de cobrar o governo sobre o ajuste nas contas públicas”, completou.

 

Selic

 

O ministro disse que o aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic para 14,25% ao ano, anunciado na noite de ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom), já estava contratado desde dezembro, na reunião ainda comandada pelo antigo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

 

“O antigo presidente da instituição ficou ainda dois anos após a saída de Jair Bolsonaro no comando do BC”, apontou. “Você não pode dar um cavalo de pau na política monetária. É uma questão delicada. Os novos diretores têm uma herança a administrar, mais ou menos como tiver com o Paulo Guedes”, citou, lembrando do estrago nas contas públicas patrocinado pelo antigo governo em 2022, durante o processo eleitoral.

 

Haddad disse que os técnicos do BC são pessoas respeitadas e que farão o melhor para o país. “Nós vamos cumprir nossos compromissos em relação à meta fiscal e o BC vai cumprir com a meta da inflação. São metas exigentes, mas vamos buscá-las”, garantiu o ministro, acrescentando que a transição no comando do BC foi feita de maneira exitosa e que exigiu um esforço muito grande das esquipes.

 

O ministro reafirmou que a intenção do governo é crescer de forma sustentável. “Não acredito que a gente precise de uma recessão para controlar a inflação. Queremos uma inflação cada vez mais comportada e a equipe do BC vai fazer o trabalho necessário para trazer a inflação para a meta. E nós faremos nossa parte, de mirar o déficit zero novamente”, completou.

 

Desaprovação do mercado

 

O ministro contestou a pesquisa divulgada pela Quaest no início dessa semana, indicando aumento da desaprovação de seu trabalho pelo mercado. “Dependendo de onde fizer a pesquisa, o resultado vai sair de um jeito ou outro. 106 pessoas consultadas na Faria Lima não dá pra dar o nome de pesquisa. Isso se faz em uma mesa de bar”, disse. Na realidade, a Quaest consultou 106 fundos gestores.

 

Segundo o ministro, consertar um país é difícil. “Não é fácil fazer as pessoas convergirem para um projeto de governo. Existe uma ala que torce pela polarização”, justificou o ministro.

 

Sobre a possível desaceleração no ritmo do crescimento da economia brasileira, Haddad respondeu ao questionamento de que o timing não seria correto, afirmando que “não se pode combinar variáveis com o cálculo eleitoral. O governo Lula pode ter cometido erros, mas não ao ponto de não ter como corrigir. Governos não são perfeitos e não se controla fatores como clima e cenário externo”.

 

O ministro acrescentou que “as coisas estão indo para o caminho certo e que a economia tem condições de fazer um ajuste gradual, mas sem deixar de crescer”. Segundo o ministro, o governo não vai colocar as contas em dia crescendo pouco. “Vamos arrumar o que tem que ser arrumado, mas garantindo um crescimento sustentado”, garantiu.

 

Consignado

 

O ministro fez a defesa do programa de crédito consignado, anunciado na semana passada. “Pelo fato do juro estar alto, é que estamos adotando medidas como essa, para proteger o trabalhador. O crédito pessoal sempre foi caro no Brasil. Apesar do aumento da Selic, estamos abrindo caminhos para que o trabalhador renegocie as suas dívidas a taxas mais civilizadas. Estamos inibindo o super endividamento”, afirmou.

 

Sobre o BRICS, o ministro disse que não vê a criação do bloco como antagonista dos Estados Unidos. “O BRICS dá vazão a economias emergentes. Há um novo posicionamento geopolítico”, concluiu.

 

Dylan Della Pasqua / Safras News

 

Copyright 2025 – Grupo CMA

 

Compartilhe

  • Deixe uma resposta
    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

PLATAFORMA SAFRAS

Ganhe uma visão uniforme e aprofundada do agronegócio com a Plataforma Safras: acesse análises, preços comerciais, fretes, paridades, estatísticas, indicadores, notícias, gráficos e baixe relatórios em um único lugar!

TUDO SOBRE O AGRONEGÓCIO

 GLOBAL EM UM SÓ LUGAR

Ver Pacotes
Group 139 1

CADASTRE SEU E-MAIL E FIQUE POR DENTRO DAS INFORMAÇÕES SOBRE O AGRONEGÓCIO.

Cadastrar