O cenário atual do mercado atacadista da carne de frango aponta para queda nas cotações. Esse movimento também esteve presente na carne suína e na carne bovina. É importante mencionar que a segunda quinzena do mês apresenta uma já esperada fragilidade na demanda doméstica. Portanto, esse recuo não pode ser exclusivamente atribuído aos embargos à carne de frango brasileira, provocados pelo recente foco de gripe aviária.
No entanto, algumas mudanças no perfil das negociações são evidentes. As redes varejistas têm atuado de maneira mais comedida na aquisição da carne de frango, com o entendimento de que os preços tendem a recuar ainda mais, justamente devido ao represamento de produto, em função de um ritmo enfraquecido de embarques, influenciado pelas restrições impostas após a confirmação do vírus H5N1 em granja comercial.
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Rigor sanitário e posicionamento global do Brasil
As autoridades competentes mantêm uma vigilância acirrada, e o número de investigações em andamento de possíveis casos da gripe aviária retrata esse ambiente com precisão. As medidas adotadas pelo governo, por outras autoridades e pelas associações que regem o setor têm se mostrado precisas. O rigor sanitário colocou o Brasil em uma posição privilegiada no mercado global, sendo responsável por aproximadamente 40% das exportações mundiais. O enfrentamento do atual foco da doença tem sido exemplar.
Se mantidas as condições atuais, com apenas um caso de gripe aviária confirmado em granja comercial, o mais provável é que o fluxo de comércio entre o Brasil e seus principais importadores — como China, África do Sul, União Europeia e Filipinas — seja rapidamente restabelecido. A expectativa é que os preços internacionais da carne de frango apresentem um movimento consistente de alta, em função da menor disponibilidade global. A ausência de oferta suficiente para atender à demanda mundial é um fator importante e, neste momento, joga a favor do Brasil. A regionalização dos embargos também é um ponto relevante para os países compradores.
A indústria frigorífica brasileira deve optar por manter os produtos em estoque até que possam ser destinados à exportação. Com apenas um foco da doença, o Brasil deve retomar as exportações em larga escala em menos de 30 dias. Dessa forma, o estoque representa um custo adicional para o setor, mas os prejuízos gerais seriam mitigados.
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Oferta ajustada e impactos da gripe aviária no mercado interno
A avicultura de corte possui ferramentas que permitem adequar a oferta aos desafios do mercado. Por ter um ciclo mais curto, essa cadeia consegue realizar ajustes de forma mais eficiente em comparação à bovinocultura e suinocultura. É previsível que haja cortes de alojamento. Os preços devem ceder no mercado doméstico, mas sem movimentos agressivos.
O foco da Doença de Newcastle em 2024 traz aprendizados importantes para o setor. Mantido o atual ambiente, é provável que haja alguma queda nos preços em decorrência da desaceleração nas exportações durante as semanas subsequentes ao embargo. No entanto, passado esse período de menor fluidez, os embarques devem ganhar ritmo, dando vazão ao produto estocado.
Embargos regionais e a urgência de revisar os protocolos
O Brasil precisa com urgência rever seus protocolos sanitários em meio a gripe aviária. Essa necessidade é válida para todas as proteínas de origem animal comercializadas no país. O modelo adotado nas negociações bilaterais com outros grandes produtores de carne de frango deve servir de referência.
Embargos regionalizados mitigariam os prejuízos e possibilitariam a manutenção de um ritmo forte de exportações, mesmo diante da ocorrência da doença.
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