São Paulo, 22 de dezembro de 2025 – A greve nacional dos petroleiros já impõe perdas expressivas ao faturamento da Petrobras. A estimativa é do economista Cloviomar Cararine, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com dados na primeira semana de paralisação dos trabalhadores, que teve início na última segunda-feira (15), após ausência de acordo e com resistência da empresa em negociar e atender às reivindicações da categoria.
“Embora os dados oficiais da Agência Nacional do Petróleo (ANP) sejam divulgados com cerca de uma semana de defasagem, levantamentos preliminares do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos Dieese e do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), com base em informações das próprias unidades, já indicam perdas expressivas”, afirma o Sindipetro-NF, em nota.
Segundo o levantamento do Dieese, nos seis primeiros dias de greve, a produção registrou uma queda acumulada estimada em cerca de 300 mil barris de petróleo e gás. Somente na área de Exploração e Produção (E&P), a redução é estimada em aproximadamente US$ 18 milhões por dia, o equivalente a cerca de R$ 100 milhões diários. No segmento de refino, as perdas alcançam aproximadamente R$ 90 milhões por dia. Em conjunto, os impactos em E&P e refino representam um prejuízo parcial da ordem de R$ 200 milhões diários, sem considerar os efeitos sobre áreas como Transpetro, TBG e PBio.
Segundo Cararine, ao contrário do que sustenta a direção da empresa, as paralisações têm impacto direto nas receitas e evidenciam fragilidades na estratégia de contingência adotada pela gestão. Para o economista, a resposta da companhia ao movimento paredista tem sido mais prejudicial do que a própria greve. Em quase duas décadas acompanhando a categoria, nunca presenciei uma mobilização tão rápida, coesa e expressiva diante de um chamado sindical, afirmou.
Falta de negociação empurra a greve para um cenário prolongado
Para o coordenador-geral do Sindipetro-NF e diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Sérgio Borges, a ausência de negociação efetiva por parte da diretoria da Petrobras é o principal fator de agravamento do conflito. Segundo ele, a atual gestão da empresa se recusa a abrir um canal real de diálogo, mesmo diante dos impactos crescentes da paralisação.
A Petrobras escolheu não negociar. Não há proposta concreta e não há disposição de diálogo. Nessas condições, a greve tende a se prolongar, além de Natal e Ano Novo, porque a categoria está unida e disposta a sustentar o movimento pelo tempo que for necessário. E, se depender da categoria, temos muito gás e energia para continuar por tempo indeterminado, afirmou Sérgio Borges.
Na avaliação do dirigente sindical, a gestão da companhia ignora deliberadamente os alertas feitos pelas entidades representativas e aposta no desgaste dos trabalhadores como estratégia. A empresa prefere perder milhões por dia a sentar para negociar. Essa postura é irresponsável e empurra a greve para um cenário cada vez mais longo e mais duro, completou.
Perdas diárias expressivas
O economista Cloviomar Cararine destacou o descompasso entre o custo diário da greve e o valor das reivindicações. A proposta apresentada pela Petrobras prevê um reajuste de apenas 0,5%, com impacto estimado em cerca de R$ 85 milhões ao ano. Em um único dia de greve, a empresa perde mais do que o dobro desse valor, observou.
Segundo Cararine, o custo anual do reajuste equivale a apenas um terço do que a Petrobras deixa de faturar diariamente com a paralisação. É um prejuízo que poderia ser completamente evitado com a abertura de uma mesa de negociação séria e efetiva, concluiu.
O economista e os dirigentes sindicais reforçam que a insistência da gestão em não negociar tende a ampliar ainda mais as perdas da companhia ao longo de dezembro e prolongar um conflito que poderia ser resolvido por meio da negociação coletiva.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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