Fraco interesse na ponta compradora e boa oferta derrubam preços do milho no Brasil

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Porto Alegre, 19 de janeiro de 2024 – O mercado brasileiro de milho apresentou uma semana de preços em queda nas principais praças de comercialização do Brasil, revertendo totalmente a dinâmica de cotações firmes verificada no começo do ano. Segundo a SAFRAS Consultoria, os produtores seguiram ampliando as fixações de oferta do cereal, tanto da safra velha quanto da safra de verão já colhida em alguns estados, na tentativa de liberar espaços nos armazéns para estocar a soja. Já os consumidores estão recuados, entendendo que o mercado ainda deve apresentar cotações menores no curto prazo, o que limitou bastante o ritmo de comercialização do milho.

O analista de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, lembra que esse movimento já foi registrado em 2023. Mesmo com uma forte perda de produção no Sul do país, os produtores decidiram vender o milho de forma agressiva no primeiro semestre. A tentativa seria de focar na comercialização da soja, ou seja, aguardar movimentos de alta na oleaginosa diante das perdas de produção na América do Sul. Com esta decisão, os produtores colocaram forte pressão sobre o mercado de milho e não conseguiram recuperar os preços da soja.

Em 2024, temos uma inédita perda de produção expressiva no Mato Grosso e algumas perdas regionais no Centro-Oeste e no Paraná, as quais chegam a 13 milhões de toneladas, aproximadamente. Talvez, ainda possam ser maiores. Contudo, até o momento, são bem menores em relação a 2023 computando o quadro da América do Sul.

A pressão que vem sendo feita para o produtor não vender soja começa a afetar o milho. Os volumes de safra velha, ainda presentes nos estoques, começam a ser ofertados de forma mais acentuada no mercado interno e já sem uma liquidez expressiva na exportação, sem vendas novas. Assim, os embarques em janeiro estão programados em 3,945 milhões de toneladas, com volume já realizado perto de 2 milhões de toneladas. No ano comercial, o número está em 54,8 milhões de toneladas, dentro das projeções feitas por SAFRAS & Mercado, que indicou embarques entre 55 e 57 milhões de toneladas.

Preços internos

O valor médio da saca de milho no Brasil foi cotado a R$ 65,00 na quinta-feira (18), baixa frente aos R$ 70,24 registrados na semana passada. No mercado disponível ao produtor, o preço do milho em Cascavel, Paraná, caiu de R$ 65,00 para R$ 60,00. Em Campinas/CIF, a cotação retrocedeu ao longo da semana, passando de R$ 80,00 para R$ 71,00. Na região da Mogiana paulista, o cereal foi cotado a R$ 72,00, contra os R$ 75,00 da semana passada.

Em Rondonópolis, Mato Grosso, a cotação da saca recuou de R$ 55,00 para R$ 53,00. Em Erechim, Rio Grande do Sul, o preço baixou de R$ 70,00 para R$ 63,00 na venda.

Em Uberlândia, Minas Gerais, o preço na venda caiu de R$ 76,00 para R$ 70,00 a saca. E em Rio Verde, Goiás, o preço na venda diminuiu de R$ 65,00 para R$ 60,00.

Exportações

As exportações de milho do Brasil apresentaram receita de US$ 630,272 milhões em janeiro (9 dias úteis), com média diária de US$ 70,030 milhões. A quantidade total de milho exportada pelo país ficou em 2,7 milhão de toneladas, com média de 300,059 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 233,40.

Em relação a janeiro de 2023, houve baixa de 12,6% no valor médio diário da exportação, aumento de 7,6% na quantidade média diária exportada e desvalorização de 18,8% no preço médio. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior.

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Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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