Porto Alegre, 6 de outubro de 2022 – Banco Central Europeu (BCE) divulgou a ata da reunião do comitê do banco, no dia 8 de setembro, que decidiu subir em 75pp a taxa básica de juros, para 1,50%, O medo de recessão da economia tomou conta dos investidores em escala global, por conta de políticas monetárias mais restritivas dos bancos centrais.
“Mais recentemente, o foco dos investidores voltou gradualmente para uma postura de política monetária mais restritiva, uma vez que os resultados da inflação continuaram acima do esperado”.
Os preços elevados da energia na Europa e os crescentes riscos descendentes para o crescimento na área do euro em relação aos Estados Unidos também pesaram sobre a taxa de câmbio do euro, assim como a divergência da trajetória esperada do diferencial da taxa básica entre as duas economias.
“As projeções macroeconómicas dos especialistas do BCE de setembro de 2022 apresentavam uma revisão em alta da inflação no período até ao terceiro trimestre de 2023. Isso deveu-se principalmente aos preços mais elevados das matérias-primas energéticas e alimentares, mas o núcleo da inflação também representou uma revisão em alta de cerca de 1 ponto percentual”.
Embora o turismo dinâmico tenha sustentado o crescimento econômico durante o terceiro trimestre, espera-se que a economia desacelerasse substancialmente no restante do ano. “Durante o verão, à medida que as pessoas viajavam mais, os países com grandes setores de turismo foram especialmente beneficiados. Ao mesmo tempo, as empresas sofriam com altos custos de energia e gargalos contínuos no fornecimento, embora este último estivesse diminuindo gradualmente”.
Espera-se que a inflação fique em 9,2% no quarto trimestre de 2022, em relação ao quarto trimestre de 2021. A inflação cairá para 3,3% no quarto trimestre de 2023 e para 2,2% no quarto trimestre de 2024. “Embora se espera que os choques de estrangulamento da energia e da oferta tenham um impacto menor, e alguma recuperação dos salários para recuperar a perda dos salários reais, na sequência de um mercado de trabalho forte, implica que o núcleo da inflação permaneceria acima de 2% ao longo do horizonte de projeção”.
Ao longo das próximas reuniões, espera-se que as taxas de juros subam ainda mais para refrear a demanda e proteger contra o risco de uma mudança persistente para cima nas expectativas de inflação.
“A comunicação desta decisão deve deixar claro que a política monetária adequada para a área do euro continuará a ter em conta o fato de o choque energético continuar a ser um motor dominante da dinâmica da inflação e das perspectivas econômicas gerais”.
O enfraquecimento do euro em relação ao dólar pode ser explicado por vários fatores. Estes incluíram as diferentes implicações do choque energético para os respectivos termos de troca das economias, condições cíclicas divergentes e diferentes riscos associados à guerra e à crise energética. Ao mesmo tempo, o aperto mais rápido da política monetária dos Estados Unidos também desempenhou um papel importante.
No contexto de desaceleração da economia global, os riscos para o crescimento são negativos, principalmente no curto prazo. Uma guerra de longa duração na Ucrânia continua a representar um risco significativo para o crescimento, especialmente se as empresas e as famílias enfrentarem o racionamento do fornecimento de energia.
“Em tal situação, a confiança pode se deteriorar ainda mais e as restrições do lado da oferta podem piorar novamente. Os custos de energia e alimentos também podem permanecer persistentemente mais altos do que o esperado. Uma nova deterioração das perspetivas económicas mundiais poderá constituir um entrave adicional à procura externa da área do euro”, diz a nota.
Para os membros do banco, agir com força agora pode evitar a necessidade de aumentar as taxas de juros mais acentuadamente no final do ciclo econômico, quando a economia estará desacelerando. “Além disso, sustentou-se que quanto mais tempo a inflação alta persista, maior o risco de que as expectativas de inflação se descolem e mais custoso será trazê-las de volta à meta”.
A maioria dos membros concordou com o aumento das taxas de juro do BCE em 75 pp. Esse aumento foi considerado uma resposta proporcional às novas revisões em alta das perspectivas de inflação e um sinal importante de que o Conselho do BCE estava determinado a trazer a inflação de volta ao seu objetivo de 2% em tempo hábil.
“Ao mesmo tempo, considerou-se importante indicar que as taxas de juros seriam aumentadas ainda mais nas próximas reuniões como parte do processo de normalização”, conclui a ata. Com informações da Agência CMA.
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Revisão: Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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