Porto Alegre, 23 de maio de 2024 – De acordo com a Rural Clima, o fenômeno La Niña deverá começar a atuar a partir de agosto, com reflexos em setembro e outubro. O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos disse o clima entra em um período de neutralidade, após a despedida do fenômeno El Niño, que trouxe inúmeros problemas para a safra 2023/24, como ondas de calor, estragos por inundações e outros. “Mas diferentemente do que se pensava, ele acabou sendo avaliado como forte e não superforte”, avalia.
Santos afirma que ainda há uma divergência entre os modelos, embora se acredite que o La Niña tenha uma intensidade de fraca a moderada.
O agrometorologista destaca que o final do outono e o inverno tende a ser marcado por chuvas mais concentradas no Sul do Brasil. Algumas chuvas irregulares podem ocorrer no período no norte do Paraná, em São Paulo e no Sul de Minas. Já no litoral do Nordeste as chuvas ficarão concentradas em junho, embora comecem a diminuir na faixa Norte do Brasil. “A tendência para julho e julho é de um clima seco na região central do Brasil, especialmente no Matopiba, Sudeste e Centro-Oeste”, alerta.
Nesse final de outono e no inverno, as ondas de frio começarão a chegar com mais frequência no Sul do Brasil. Por influência do La Niña, há a possibilidade de ocorrência de ondas de frio mais tardias no Brasil, como em agosto e setembro. Santos sinaliza que é muito difícil prever a ocorrência de geadas decorrentes dessas ondas de frio, que são detectadas com antecedência apenas de uma semana.
Ainda para agosto e setembro, Santos revela que são esperadas chuvas mais regulares no Sul do Brasil, mas com volumes menores se comparados aos registrados em 2023, o que pode atrapalhar a colheita de trigo de inverno e o cultivo da safra verão 2024/25 de arroz e milho.
O agrometeorologista ressalta que o fenômeno La Niña poderá atrasar a chegada das chuvas na região central do Brasil, mantendo o tempo predominante seco desde setembro até a primeira metade de outubro. Conforme Santos, até pode chover eventualmente em setembro em Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e no Matopiba, mas “não serão sinônimo da regularização das precipitações”. Assim, as chuvas devem se consolidar na faixa central e norte do Brasil somente após a segunda metade de outubro. “O grande alento é que, por conta da La Niña, dificilmente haverá registros de fortes ondas de calor para a região tanto na primavera quanto no verão”, disse.
Estados Unidos
Para os Estados Unidos, Santos indica que a tendência é de uma safra dentro da normalidade para 2024/25. Como o fenômeno La Niña deve trazer influência sobre o clima apenas nos meses de agosto e setembro, não há riscos para a safra norte-americana, até pelo fato de que deve chover bem entre junho e setembro. “Assim, resumidamente, o risco de perdas na safra dos Estados Unidos para o milho e a soja é baixo”, finaliza.
Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Safras News
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