Porto Alegre, 29 de abril de 2020 – O fechamento de processadoras de carne nos Estados Unidos, por conta da pandemia de coronavírus, poderia favorecer o Brasil, segundo a avaliação do analista de SAFRAS & Mercado, Fernando Iglesias. “Os frigoríficos dos EUA habilitados a exportar para a China paralisados pela pandemia trazem uma lacuna de oferta, que necessariamente seria preenchida pela proteína animal brasileira”, avalia.
Para Iglesias, o mesmo se aplica para o fechamento logístico verificado na União Europeia. “Os EUA e a Europa são os grandes exportadores de carne suína para a China e, nesta proteína, o Brasil tende a ganhar mercado, com ênfase no segundo trimestre”, analisa.
Iglesias acredita, porém, que a China possa direcionar a busca por carne suína não apenas no Brasil, mas em outros mercados também, de modo a evitar uma grande inflação de preços da proteína. “A tendência é de que a China habilite frigoríficos de exportadores não tradicionais a toque de caixa. Movimento similar ocorreu no último trimestre do ano passado em relação à carne bovina, quando a China importou volumes significativos da América do Sul, o que ocasionou uma forte alta dos preços da carne bovina no mercado doméstico e, também, no Brasil”, detalha.
Conforme Iglesias, no primeiro trimestre deste ano a China tratou de habilitar diversas unidades frigoríficas de exportadores não tradicionais de carne bovina, visando uma redução dessa dependência do mercado brasileiro.
No que tange à carne bovina em específico, de acordo com a avaliação da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), não houve até agora grandes alterações no mercado de exportação norte-americano. De acordo com informações repassadas pela assessoria de imprensa da entidade, as principais plantas que fecharam momentaneamente as portas eram de suínos.
Desse modo, conforme a Abrafrigo, por enquanto nada mudou a ponto de favorecer o Brasil nos embarques de carne bovina, até mesmo pelo fato de que as exportações dessa proteína pelos norte-americanos à China são bastante pequenas.
Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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