Porto Alegre, 3 de janeiro de 2025 – O mercado brasileiro de feijão em 2025 deve ser marcado por desafios climáticos, aumento da oferta e demanda em recuperação. A estimativa parte do analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira. Ele também destacou que, no início do ano, predominam feijões recém-colhidos de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, com preços estáveis e negociações lentas. Apesar do avanço da colheita 2024/25, os impactos de chuvas excessivas e estiagens ainda são incertos, especialmente no Sul, região crítica pela relevância na produção.
Conforme Oliveira, no feijão preto, a safra do Sul, com destaque para o Rio Grande do Sul, mostra boa produtividade. Porém, o aumento da oferta já pressiona preços, entre R$ 200 e R$ 210 por saca em Castro/PR, dependendo da qualidade. “Estoques baixos em 2025 podem estimular a reposição no curto prazo, enquanto exportações podem ajudar a escoar a produção, com rumores de contratos em negociação”, estimou.
O analista relata que a demanda interna segue fraca, reflexo da desaceleração de 2024 e da inflação, que impulsiona a procura por marcas mais baratas. O feijão carioca enfrenta consumo retraído, enquanto produtos para cestas básicas e programas sociais mantêm estabilidade ou leve aumento. Já a perspectiva do consultor para o feijão preto é de ganho força a partir da segunda semana de janeiro, com reposição de estoques no varejo e na indústria. Compradores, no entanto, seguem cautelosos, limitando possíveis altas nos preços.
“O clima será decisivo em 2025, com chuvas excessivas e estiagens (efeitos do La Niña) afetando produção e qualidade das safras. O manejo adequado das lavouras, especialmente no Sul, será essencial para minimizar perdas”, afirmou.
Para Oliveira, no curto prazo, o mercado deve ganhar força com a entrada de novos lotes na segunda quinzena de janeiro, mas os preços seguirão pressionados pela oferta crescente, especialmente do feijão preto, que expandiu sua área plantada. “A recuperação dos preços a médio e longo prazo dependerá da retomada do consumo interno, exportações, competitividade com produtos substitutos e mitigação dos impactos climáticos”, disse.
O analista de Safras aponta que estratégias essenciais incluem monitorar o clima nas principais regiões produtoras, ajustar estratégias comerciais conforme o comportamento do consumidor, priorizar exportações para reduzir a dependência do mercado interno e formar estoques estratégicos em momentos de baixa. “Entender sazonalidades e identificar períodos de maior demanda será crucial para aproveitar oportunidades”, explicou.
Segundo a perspectiva de Oliveira, entre janeiro e maio, os preços do feijão devem subir gradualmente, atingindo o pico em abril ou maio, devido à menor oferta no período de entressafra, estoques reduzidos e demanda aquecida no início do ano. Após esse pico, entre junho e agosto, os preços caem, especialmente em julho e agosto, com a entrada da segunda safra 2024/25 (maior do ano, quase 1,5 milhão de toneladas), que aumenta a oferta, especialmente no Paraná, responsável por quase metade da produção.
“No último trimestre, a partir de setembro, os preços devem subir lentamente, com maior recuperação em novembro e dezembro, devido à redução da oferta e à proximidade da nova entressafra. A retração sazonal do consumo nas festas de fim de ano deve limitar a alta na virada para 2026”, finalizou.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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