Exportações de trigo dos EUA para o Brasil devem ficar entre 340 mil e 360 mil toneladas em 2024

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Crédito: André Fontana

Foz do Iguaçu, 28 de outubro de 2024 – As exportações de trigo dos Estados Unidos ao Brasil devem ficar entre 340 mil e 360 mil toneladas em 2024. A projeção é do sub-diretor regional da U.S. Wheat Associates na América do Sul, Osvaldo Seco.

No acumulado de janeiro a setembro, o Brasil já importou 272 mil toneladas, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). No fechamento do ano passado, foram apenas 107,3 mil toneladas negociadas, “basicamente devido ao alto preço do trigo hard red winter”.

A Safras News conversou com dirigentes da associação de promoção do cereal estadunidense durante a cobertura do 31º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, em Foz do Iguaçu (PR).

Seco lembra que os Estados Unidos já chegaram a exportar 4 milhões de toneladas em um ano para o Brasil, em 2013, quando a safra da Argentina teve uma quebra expressiva. Segundo o presidente-executivo da U.S. Wheat, Vince Peterson, não é adequado estimar um percentual das importações anuais brasileiras pelo qual os EUA devessem responder. “A Argentina tem seu acesso preferencial, e sempre ocupamos os espaços que sobram, quando ela não consegue fornecer”, disse.

Os representantes esperavam que conseguissem abocanhar quase todos as 750 mil toneladas livres de Tarifa de Exportação Comum (TEC), “mas na verdade os moinhos estão usando muito dela com trigo da Rússia”, disse Seco. “Para nós, seria bom que não existisse uma cota isenta da TEC, que o mercado fosse aberto”, emendou Peterson.

Eles veem uma competição “muito dura” da Rússia, pois defendem que o trigo estadunidense se caracteriza por competir em qualidade, enquanto o atrativo do russo é o preço baixo. “O mercado está distorcido, pois o trigo da Rússia está sendo vendido aqui para o Brasil, do outro lado do mundo; e o do Brasil se vende no Vietnã, do outro lado do mundo”, comentou Seco. Ainda que os fretes sejam mais altos para o cereal oriundo do Mar Negro, os baixos preços compensam.

Clientes cativos

     Ainda que o fornecimento de trigo estadunidense ao Brasil seja “errático”, variando a cada ano, eles estão otimistas quanto a uma retomada e constância. Enquanto isso, celebram o aumento de vendas a mercados cativos na América Latina e na Ásia, em especial no Peru, no Chile, no Equador, no Japão e em Singapura. Com muitos desses, os EUA tem acordos de comercialização direta. Na Ásia, ao contrário da América do Sul, os clientes são pouco sensíveis ao preço e muito sensíveis à qualidade.

Qualidade

Os dirigentes da U.S. Wheat são enfáticos na defesa de seu produto, alegando que o país não produz para mercados menos exigentes, não havendo “variedades de baixa qualidade”. Eles admitem, no entanto, que em anos de quebras, as safras podem não ser tão boas. O vice-presidente de operações internacionais, Mike Spier, observa que as duas últimas safras não foram boas e não podem servir de parâmetro para a quantidade e a qualidade da produção estadunidense.

Apesar de indicativos de clima adverso sobre as lavouras dos Estados Unidos, eles julgam ser cedo para projetar a qualidade da próxima safra. A disponível, que é comercializada no momento, está boa.

Conforme o presidente do conselho de administração da associação, Clark Hamilton, o país vem de três quebras consecutivas, com secas seguidas, por isso os preços subiram muito. “Mas se olharmos para antes desse período, veremos que sempre fomos um player no mercado brasileiro”, disse.

Spier observa que há uma demanda por variedade de produtos de maior qualidade ao redor do mundo. Segundo ele, a vantagem dos EUA é não só produzir em qualidade, mas em disponibilidade de diferentes trigos e características. “Nem sempre seremos o fornecedor mais barato, mas não se pode comparar só com preço. Os mercados querem tipos diferente de matérias-primas para tipos diferentes de produtos”, avaliou.

A U.S. Wheat Associates defende que é melhor e mais conveniente ter o trigo específico para cada tipo de produção, pois isso reduz a utilização de aditivos. “As gerações mais novas se preocupam com isso”, disse Peterson. Hamilton pontou que a variedade soft white é a mais consistente para diversos usos.

O presidente-executivo explicou que a qualidade não diz respeito apenas ao gosto, ou à textura do produto; também envolve questões de moagem. A eficiência dos moinhos melhora quando um trigo melhor é usado. Isso fica evidente no consumo e nos rendimentos da indústria. “Um exemplo é o percentual de umidade do grão que chega ao moinho: quanto menor, mais economia”, pontuou.

Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Safras News

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