Exportações de café do Brasil perderam volume e receita no primeiro mês do ano

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Porto Alegre, 10 de fevereiro de 2023 – Relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgado nesta semana apontou que os embarques totalizam 2,843 milhões de sacas de 60 quilos em janeiro, queda de 16,8% na comparação com o primeiro mês de 2022. Em receita cambial, o declínio foi de 17,8%, com as remessas gerando US$ 612,8 milhões.

“Estamos na entressafra, após duas colheitas menores, impactadas por fortes adversidades climáticas nos últimos anos. Há, ainda, certa resistência dos produtores em comercializar seu estoque da safra 2022 nas bases atuais de preço, que caíram significativamente desde outubro, fatos que justificam o recuo observado em janeiro”, disse o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.

Com a queda acentuada das cotações internacionais há quatro meses, cujo movimento registrou as mínimas em janeiro, ele explica que os diferenciais dos cafés arábicas brasileiros apertaram bastante, uma vez que as cotações no mercado físico não acompanharam o declínio externo na mesma proporção, dada a resistência dos produtores em período de entressafra.

“Os importadores têm preferido postergar novas compras ou optado por coberturas pontuais no mercado spot lá fora, ficando, apenas para último caso, novas aquisições diante desses diferenciais mais caros”, revela. Ferreira completa que esse comportamento “é natural em período de entressafra, principalmente quando se vêm de dois anos seguidos de colheitas menores”.

Outro fator de impacto nos embarques é a maior demanda das indústrias nacionais, principalmente pelos canéforas. “Essa procura interfere na exportação da variedade, que recua ao longo do último ano. Em janeiro de 2023, a baixa foi de 12,3%. Além disso, apesar de verificarmos ainda um bom remanescente da safra 22/23, tal estoque da variedade vem sendo direcionado, majoritariamente, às indústrias de torrado e moído, para consumo interno”, explica.

Em relação à receita cambial, o declínio reflete exatamente o cenário das cotações internacionais, que entraram em rota negativa desde outubro do ano passado. “Além de exportarmos menos em volume, também tivemos um preço médio menor por saca em janeiro, que foi de US$ 215,56, ou 1,2% a menos do que os US$ 218,18 por saca aferido em janeiro de 2022”, compara o presidente do Cecafé.

     Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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