Porto alegre, 17 de abril de 2020 – Os embarques brasileiros de café em grão caíram 5% em março, totalizando 3,37 milhões de sacas de 60 kg, entre grão verde e solúvel. Em igual mês do ano passado os embarques somaram 3,56 milhões de sacas. Os dados são da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). No primeiro trimestre de 2020, as exportações brasileiras de café totalizam 9,48 milhões de sacas, o que corresponde a queda de 7% em relação a igual
período de 2019.
Já na temporada comercial 19/20, que iniciou em julho/2019 e alcança o nono mês em março/2020, as exportações chegam a 29,66 milhões de sacas. Isso corresponde à queda de 8% na comparação com as 32,19 milhões de sacas do mesmo período do ciclo anterior. Já a receita no período recua 24%, totalizando US$ 5,2 bilhões. Os dados partem da SAFRAS Consultoria.
Safras projeta, preliminarmente, embarques 34,40 milhões de sacas ao longo da temporada 2019/20. Partindo desses números, restariam a ser embarcadas no último trimestre da temporada comercial (abr/jun) algo como 4,74 milhões de sacas, o que equivale a embarques mensais de 1,58 milhão de sacas. “Nesse sentido, o fluxo de embarques deve cair significativamente ao longo dos próximos meses. Caso contrário, os estoques de passagem tendem a ficar menores ainda que os projetados inicialmente (2,3 milhões de sacas)”, comenta o consultor de SAFRAS, Gil Barabach.
“Há também espaço, como base no fluxo, de uma correção para cima no número da safra brasileira 2019. Em todas as hipóteses a ideia é que a temporada brasileira 19/20 termine com muito pouco café na mão do produtor”, conclui.
OIC
A pandemia do coronavírus, afora os graves problemas de saúde pública e perda de vidas, tem significativos impactos nas economias pelo mundo. Para o café, a pandemia traz um profundo impacto no setor, incluindo produção, consumo e comércio. É o que mostra a publicação Coffee Break Series, número 1, de abril de 2020, da Organização Internacional do Café (OIC), com o título “Impacto da Covid-19 no setor global do café – O lado da demanda”.
A análise da OIC é baseada numa amostra dos 20 maiores países consumidores de café, que representam 71% da demanda global, cobrindo o período de 1990-2018. O resultado mostra que uma queda de 1% no Produto Interno Bruto (PIB) resulta numa redução no crescimento da demanda global de café de 0,95 ponto percentual, ou 1,6 milhão de sacas.
Avaliando as repercussões na demanda, a OIC coloca que os resultados do trabalho mostram que mesmo um modesto declínio no crescimento econômico mundial (PIB), em função da pandemia do coronavírus, pode ter um impacto significativo no consumo mundial de café. “Os modelos prevêem que uma queda maior no crescimento do PIB, ou uma recessão global, teria um efeito proporcional ainda maior. Assim, os níveis de consumo poderiam estagnar ou mesmo cair comparado ao período pré-crise, que era marcado por anos de crescimento constante do consumo a taxas de 2% ou 3% ao ano”.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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