Porto Alegre, 1 de dezembro de 2020 – O superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Secchi, disse que o endividamento econômico do Brasil é um dos pontos de preocupação para o setor do agronegócio em 2021. “O aumento da dívida pública brasileira tem crescido muito e há risco de que o teto de gastos previstos no orçamento possa ser superado, tendo em vista as despesas que estão sendo previstas com uma possível segunda onda de covid-19 e com as vacinas. É salutar que o governo adote reformas tributárias e administrativas no próximo ano, em um cenário no qual o PIB deve crescer 3,45%, o IPCA 3,47%, a Selic 3,0%, com o câmbio ao redor de R$ 5,20”, pontua.
Bruno sinaliza que as condições climáticas decorrentes do fenômeno La Niña, trazendo perdas do milho é bastante preocupante, uma vez que deve acarretar em aumento nos custos de produção de setores demandantes do cereal, como a pecuária. “Há também a questão cambial, ainda indefinida, podendo elevar os custos dos insumos, embora favorecendo novamente as exportações”, pontua.
Pelo lado da demanda é esperado uma retomada da economia brasileira, o que tende a favorecer uma melhora no consumo dos produtos do agronegócio, embora haja incertezas sobre a formatação, ou não, pelo governo, de um novo programa social. “No mundo também é esperada uma recuperação para 2021, com o crescimento do PIB mundial estimado em 5,2% e da China em 8,2%”, ressalta.
Apesar do cenário de preocupação, as perspectivas para o agronegócio brasileiro são positivas em 2021. Conforme Bruno, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deverá crescer 3% em 2021 e somar R$ 1,3 trilhão. O Valor Bruto da Produção (VPB) do setor agropecuário deve avançar 4,2% e chegar a R$ 941 bilhões.
Para chegar a esses valores, o Brasil deve contar com uma safra ao redor de 268 milhões de toneladas de grãos, mesmo com as perdas pelo La Niña. “Para a soja é esperado um aumento de 6,5% na produção e de 2,4% na exportação, por exemplo”, pontua.
No setor de agropecuária, a CNA projeta um incremento de 6,9% na produção e de 5% na exportação em volume de carne bovina. Para a carne suína a produção deverá aumentar 2,3% e a exportação 5%. Já para a carne de frango é esperado um incremento de 1,8% na produção e de 3% nos embarques em volume.
Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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