Porto Alegre, 10 de novembro de 2023 – O mercado brasileiro de trigo segue com lentidão no ritmo dos negócios e com preços apresentando uma firmeza atípica para essa época do ano. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Elcio Bento, numa consulta à série histórica dos últimos 23 anos, não se encontra uma safra em que as cotações – de outubro para novembro – subiram os mais de 28% que se observa na média do sul do Brasil neste ano.
“As estatísticas comprovam o que se espera do impacto sazonal do ingresso de safra. Na atual temporada, contudo, o movimento é uma resposta à forte queda verificada entre o final de setembro e a primeira quinzena de outubro – que levou o trigo brasileiro a ser um dos mais baratos do mundo. Esse recuo era um ajuste à retração das cotações internacionais em um ano com potencial de recorde produtivo no Brasil. Entretanto, com os números de quebra de produção (quantitativa e qualitativa) devido ao excesso de chuva alcançando níveis recordes e com o governo ingressando no mercado com mecanismos que garantem preços elevados, em poucos dias a dinâmica de formação de preços mudou. Os preços que operavam em níveis de paridade de exportação passaram a flertar com a de importação”, disse.
Projeção de SAFRAS
O Brasil deve produzir 8,85 milhões de toneladas de trigo em 2023. Esta é a nova estimativa de SAFRAS & Mercado, após as lavouras gaúchas e paranaenses serem castigadas pelos efeitos do El Niño. Em meados de outubro, SAFRAS cortara a projeção para 10,355 milhões de toneladas. A expectativa inicial era de 12,07 milhões de toneladas. No ano passado, foram 11,417 milhões de toneladas. O número atual é pouco superior às 8,745 milhões de toneladas de 2021.
O Rio Grande do Sul, que no ano passado foi o maior produtor nacional, com 6,01 milhões de toneladas, agora deve cair para a segunda posição, com apenas 3,33 milhões – uma queda de 44,6%. O Paraná deve assumir a liderança, com 3,65 milhões de toneladas, 1,4% acima das 3,6 milhões de toneladas do ano passado.
Projeção da Conab
A produção brasileira de trigo em 2024 deverá ficar em 9,633 milhões de toneladas, segundo o 2o levantamento para a safra brasileira de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No mês anterior, a previsão era de 10,459 milhões. O número repete a safra anterior.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que a colheita atingiu 92% da área cultivada de 1,412 milhão de hectares. A área deve ser 14% maior do que em 2022, quando cultivou 1,237 milhão de hectares. Segundo o Deral, 23% das lavouras estão em boas condições, 39% em situação média e 38% em situação ruim, com 2% em frutificação e 98% em maturação. No dia 30 de outubro a colheita atingia 89% da área, com 42% das lavouras estavam em boas condições, 44% em situação média e 14% em situação ruim, divididas entre as fases de frutificação (7%) e maturação (93%).
Rio Grande do Sul
A colheita de trigo atinge 82% da área no Rio Grande do Sul. Na semana passada, os trabalhos chegavam a 58%. Em igual momento do ano passado, eram 34%. A média dos últimos cinco anos é de 69%.
Conforme a nova estimativa da safra 2023, realizada pela Emater/RS-Ascar, a estimativa de produção atualmente é de 3.280.655 toneladas, o que corresponde à redução de 27,88% em relação a 5.288.030 toneladas estimadas no momento do plantio. Essa diminuição pode ser atribuída principalmente aos efeitos do fenômeno El Niño, como o excesso de chuvas e a ocorrência de outros fatores, como geada, vento e granizo, que impactaram pontualmente a cultura em diversas fases do ciclo produtivo.
Argentina
Segundo a Bolsa de Buenos Aires, a safra da Argentina é projetada em 15,4 milhões de toneladas. as lavouras argentinas se dividem entre condições boas ou excelentes (15%), normais (40%) e regulares ou ruins (45%). Na semana passada, eram 13%, 40% e 47%, respectivamente. Em igual momento do ano passado, 10%, 36% e 54%. O déficit hídrico atinge 43% da área. Na semana passada, eram 46%. Em igual momento do ano passado, 46%.
A Bolsa de Comércio de Rosário (BCR) cortou a projeção da safra de trigo da Argentina em 2023/24 de 14,3 para 13,5 milhões de toneladas. No ano passado, foram 11,8 milhões de toneladas. Conforme a entidade, a recuperação da umidade do solo chegou tarde para grande parte da região produtora. Além disso, a ocorrência de geadas comprometeu a produtividade e aumento a área que sequer foi semeada.
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Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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