Em meio a adversidades climáticas, menor oferta e baixos estoques do feijão, expectativa é de acomodação no 2S24

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Porto Alegre, 5 de janeiro de 2024 – O início de 2024 para o mercado de feijão no Brasil deve ser marcado por desafios significativos, que prometem impactar a cadeia produtiva e influenciar os preços. Segundo o analista e consultor de SAFRAS & Mercado, Evandro Oliveira, a oferta de feijão é limitada, evidenciada pelos baixos estoques em São Paulo, o principal centro consumidor do país.

“A decisão de boa parte dos produtores de colher e realizar vendas antecipadamente, impulsionados pelos preços atrativos e margens satisfatórias, contribui para o cenário de escassez”, afirmou.

As colheitas comprometidas, especialmente devido às condições climáticas adversas, emergem como um fator crucial. A seca declarada, que inclui situações de emergência ou estado de calamidade pública em regiões vitais para a cultura, pode causar problemas à oferta do grão.

Quebra primeira safra 2023/24

O analista destacou que os relatos de uma quebra significativa são crescentes. No Paraná, são estimadas entre 25% e 30%. Essa situação se estende a outras regiões de grande importância, como Minas Gerais, Bahia, Goiás e Distrito Federal.

“A oferta limitada e a potencial quebra nesta primeira safra 2023/24 têm um impacto direto nas cotações. A estratégia por parte dos vendedores de antecipar suas pedidas para R$ 400,00 por saca já nas primeiras semanas do ano reflete a percepção de que os indicativos continuarão a subir”, estimou.

Os escassos estoques no varejo e entre empacotadores cria um ambiente propício para negociações em patamares elevados. A preocupação crescente com a possibilidade de desabastecimento neste primeiro semestre amplifica a importância das negociações.

Adversidades climáticas

De acordo com Oliveira, desde o excesso de chuvas a severas estiagens enfrentadas pela cultura emergem como fatores cruciais para o cenário de produção e, consequentemente, para os preços. A crescente dependência de importações, especialmente da Argentina, torna-se mais evidente, sendo um elemento significativo no mercado.

“A maior retomada das atividades, esperada para as próximas semanas, deve ser favorável à movimentação do mercado e trazer maior liquidez”, disse.

Preços

O analista enfatizou que a perspectiva é de preços firmes, pelo menos neste primeiro semestre, com a possibilidade de uma acomodação nas cotações após a entrada da segunda safra de 2023/24, estimada em 1,292 milhão de toneladas.

“Com a probabilidade de o fenômeno El Niño entrar em neutralidade entre os meses de abril e junho de 2024, as condições climáticas podem favorecer a segunda safra de feijão, a maior nacionalmente, proporcionando um equilíbrio adicional ao mercado”, afirmou.

A considerável redução no consumo doméstico do grão, uma tendência que se manifesta nas últimas temporadas devido a mudanças no comportamento do consumidor e que se intensificou a partir de outubro de 2023, impõe desafios adicionais aos participantes do mercado. Conforme Oliveira, esse cenário torna cada vez mais complexa a transferência dos custos reais para o consumidor final, acentuando as preocupações em um momento crucial para a cadeia produtiva do feijão.

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Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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