Dólar fecha em queda, abaixo de R$ 5 pela primeira vez em um ano

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    Porto Alegre, 22 de junho de 2021 – O dólar comercial fechou em queda de 1,11% no mercado à vista, cotado a R$ 4,9660 para venda, abaixo de R$ 5,00 pela primeira vez desde 10 de junho de 2020. A sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que uma elevação de 1,00 ponto percentual (pp) foi discutida na reunião da semana passada, conforme divulgado hoje na ata do encontro, animou o mercado doméstico. Somado a isso, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, deu hoje na Câmara dos Deputados norte-americana as primeiras declarações após a decisão de política monetária e foram vistas como “dovish” (suave).

   “O Powell fez os apontamentos do que o Fed avalia e o discurso dele segue na linha de inflação transitória. Ele continua com uma postura “dovish”, o que analistas já esperavam. A política monetária nos Estados Unidos não será alterada no curto prazo e sim, no médio prazo”, avalia a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.

   A redução na percepção de risco do cenário doméstico e a privatização da Eletrobras, segundo a economista, corroboraram para a queda da moeda. A ata do Copom divulgada hoje, no qual sinalizou que o Banco Central está com a “porta aberta” para uma alta de 1,0 pp da taxa Selic, acima da magnitude de 0,75 pp aplicada nas três últimas reuniões, ajudou a sustentar as perdas mais intensas na sessão, abaixo de R$ 5,00, em meio à entrada de fluxo estrangeiro com a possibilidade de a taxa básica de juros encerrar o ano acima de 6%, pelo menos.

   “Isso se deve à expectativa de inflação mais evidente levando o BC a elevar os juros de forma mais consistente até o fim do ano. A expectativa era de Selic em alta de 6,00% ao fim de 2021, agora passa para 6,50%. E quanto mais o nosso juro sobe, mais o real fica atrativo. Há perspectivas de que a moeda caia mais”, avalia o assessor de investimentos da Zahl, Flávio de Oliveira, acrescentando que problemas internos, como as eleições de 2022, podem limitar uma queda mais acentuada.

   Analistas avaliaram a ata como “mais dura” (“hawkish”) do que o comunicado com a decisão de política monetária na semana passada, quando o Copom elevou a Selic a 4,25%. Para o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos, a principal novidade do documento foi a informação de que o Comitê já havia discutido a hipótese de alta de 1,0 pp para esta reunião de junho. “O que fornece maior materialidade a essa alternativa”, avalia.

   Campos acrescenta que, ainda que existam condicionantes para o Banco Central adotar a estratégia de um ajuste monetário “mais tempestivo”, é preciso reconhecer que os riscos aumentaram diante das informações trazidas pela ata. “Desta forma, a persistência de uma inflação corrente mais elevada e a continuidade da alta das expectativas de inflação para 2022 seriam fatores capazes de chancelar uma elevação de 1,0 pp na Selic em agosto”, ressalta.

   Amanhã, o destaque na agenda de indicadores fica para a leitura preliminar de junho dos índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da atividade industrial e de serviços dos Estados Unidos e na zona do euro. Abdelmalack, da Veedha, diz que os resultados podem pesar nos ativos já que o mercado está de olhos nesses números para entender a condução da política monetária nas regiões.

    As informações partem da Agência CMA.

Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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