Porto Alegre, 05 de junho de 2020 – O dólar comercial fechou em forte queda de 2,86% no mercado à vista, cotado a R$ 4,9860 para venda, abaixo de R$ 5,00 pela primeira vez desde 13 de março – quando encerrou a R$ 4,8280 – refletindo o otimismo generalizado após dados do mercado de trabalho norte-americano, o payroll, melhores do que o esperado. Na semana, a moeda fechou com forte retração de 6,57%, no maior recuo percentual semanal desde outubro de 2008 (-7,18%), na terceira semana seguida de desvalorização.
O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, reforça que investidores reagiram de forma “bastante” positiva aos dados melhores que o esperado do payroll. Segundo o relatório de empregos dos Estados Unidos, foram criadas 2,5 milhões de vagas no mês passado, ante expectativa de fechamento de 8,750 milhões de postos de trabalho. Já a taxa de desemprego caiu para 13,3% (de 14,7% em abril), enquanto era esperada alta a 19,7%.
Os números “surpreenderam” analistas do mercado, o que levou a moeda a romper o nível abaixo de R$ 5,00 pela primeira vez desde o fim de março, chegando a renovar mínimas sucessivas a R$ 4,9360. “Foi uma semana positiva para os ativos de risco, que tem sido impulsionados pelo otimismo em relação a retomada das atividades nas principais economias. O payroll contribuiu bastante para esse sentimento”, comenta.
O economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, acrescenta que o bom humor dos investidores domésticos também tem como pano de fundo a política local. “Favorecida após a aprovação do pacote de ajuda a estados e municípios, vetando aumento para os servidores públicos, o que reduz o impacto fiscal. Além do afastamento da possibilidade de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro após a divulgação do vídeo da reunião ministerial em abril”, avalia. O economista destaca que o risco político “pesa muito” na precificação dos ativos domésticos.
Na próxima semana, marcada pelo feriado local na quinta-feira, e pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Ortiz aposta em continuidade de baixa da moeda, porém, ele chama a atenção para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nos dias 16 e 17 no qual começa a prevalecer a aposta de corte de 0,75 ponto percentual da taxa Selic.
“O que deverá fazer pressão no dólar nos próximos dias. Importante se atentar a isso”, diz. Sobre o Fed, a equipe econômica do Bradesco reforça que o mercado ficará atento ao comunicado, à possíveis revisões de projeção do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano e à costumeira
entrevista do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell.
As informações partem da Agência CMA.
Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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