Porto Alegre, 02 de junho de 2020 – O dólar comercial fechou em forte queda de 3,22% no mercado à vista, cotado a R$ 5,2130 para venda, no maior recuo percentual em um pregão desde 8 de junho de 2018, além de encerrar no menor valor de fechamento desde 17 de abril. O bom humor no mercado externo, e o movimento de técnico de desmonte de posições no mercado doméstico sustentaram a queda da moeda, relegando os conflitos nos Estados Unidos e a curva de contaminação pelo novo coronavírus no Brasil.
O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, comenta que a fraqueza do dólar refletiu as expectativas positivas em torno da reabertura gradual das economias, o que estimulou a demanda pelo risco de parte dos investidores. Ele acrescenta que a atuação do Banco Central (BC) ontem com a oferta de dólares no mercado à vista demonstrou o “desconforto” da autoridade monetária com a nova escalada da divisa estrangeira ante o real, que buscou os R$ 5,45 ontem.
“A postura do BC reverberou no mercado hoje. Isso somado ao ambiente em Brasília respirando calmaria ajuda a justificar o abandono de posições defensivas em moeda estrangeira, o que levou o nosso risco país [medido pelos swaps de default de crédito – CDS] a cair a 254 pontos”, destaca.
Apesar do otimismo, os analistas do banco Fator ressaltam que os mercados globais têm ignorado as tensões políticas dos Estados Unidos e as incertezas sobre os efeitos da reabertura das economias.
“Até a ameaça de Donald Trump [presidente dos Estados Unidos] de usar o exército caso governadores e prefeitos não restabeleçam a ordem parece ter sido vista como bravata”, avaliam. Eles acrescentam que a campanha eleitoral informal no país usa o “sofrimento e a angústia” da população, em meio ao desemprego e à desigualdade social.
Já os economistas do banco Itaú chamam a atenção para o crescimento expressivo no número de casos confirmados de covid-19 no Brasil e em outros países emergentes, como México, India e África do Sul. Enquanto as curvas de novos casos seguem em recuo nos Estados Unidos e na Europa, além da Rússia, país que o Brasil ultrapassou recentemente no total de casos. “Nós assumimos assim a segunda pior posição global, agora atrás apenas dos norte-americanos”, acrescentam.
Amanhã, na agenda de indicadores, tem a reação ao resultado do índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade do setor de serviços da China, de maio, além da divulgação do PMI também de serviços dos Estados Unidos no mês passado e os números do mercado trabalho norte-americano (ADP), uma prévia do payroll que sai na sexta-feira. Aqui, tem os dados da produção industrial em abril.
“Vai efetivamente mostrar o estrago das medidas de isolamento social sobre a atividade econômica, já que os dados divulgados até agora pegaram uma pequena fatia dessas medidas em março”, diz. O operador de câmbio de uma corretora local acrescenta que a agenda terá “um grande peso” amanhã.
As informações partem da Agência CMA.
Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS Copyright 2020 – Grupo CMA