Porto Alegre, 03 de abril de 2020 – O dólar comercial fechou em alta 1,15% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3270 para venda, e renovou a máxima de fechamento pelo terceiro dia seguido, além de engatar a sexta alta consecutiva. A forte aversão ao risco prevaleceu no exterior em meio aos primeiros dados do mercado de trabalho em março no qual mostrou o fechamento de vagas de trabalho e o crescimento da taxa de desemprego nos Estados Unidos, em março.
“A sequência de indicadores ruins divulgados no exterior com destaque para a impressionante destruição de 701 mil vagas de trabalho e o salto para 4,4% de desemprego no país, deixam evidentes os efeitos nocivos da pandemia nas economias”, comenta o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.
Para a equipe econômica do Bradesco, os dados dos Estados Unidos, agora atual epicentro do coronavírus, já apontam para recessão. “Os dados do mercado de trabalho mostraram queda importante do emprego, com mais de seis milhões de pessoas pedindo auxílio desemprego na última semana de março”, acrescenta.
O economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, avalia que na medida em que o número de infectados pelo vírus ultrapassa um milhão de pessoas no mundo, o mercado passa a considerar “novas postergações” nos períodos de isolamento na Europa e nos Estados Unidos. “Investidores estão avaliando os efeitos nefastos do fechamento dos negócios nas maiores economias do mundo para o crescimento econômico”, diz.
Os desdobramentos acerca do novo coronavírus levaram a moeda a encerrar a semana em alta de 4,39%, engatando a sétima semana seguida de valorização. Desde meados de fevereiro, quando a divisa estrangeira iniciou a nova trajetória de alta, o dólar saltou do patamar de R$ 4,30 para o novo nível alcançado hoje, acima de R$ 5,30. Nesta semana, a moeda chegou aos 30% de valorização no ano, no qual o real detém a marca de divisa mais desvalorizada no mundo.
“O câmbio vem de uma forte sequência de valorização e vai seguir pressionado. A gente não sabe qual é o fundo do poço
[em relação aos efeitos do coronavírus]
“, comenta o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.
Na próxima semana, com feriado na China na segunda-feira e mercados fechados na sexta-feira em decorrência do feriado da Paixão de Cristo, a agenda de indicadores concentrará números ao longo da semana com novos dados de trabalho nos Estados Unidos, além de preços ao produtos e da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
“O mercado perdeu referência e quando isso acontece, tem perdas e volatilidade. O câmbio nesse patamar é uma realidade de curto prazo porque não sabemos o desfecho do coronavírus. E os próximos indicadores devem trazer pioras em outros setores da economia global. Enquanto fica difícil diagnosticar quando tudo isso vai acabar, a tendência é o dólar seguir forte”, pondera.
As informações partem da Agência CMA.
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