Distância nas bases trava negócios com trigo no Brasil

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     Porto Alegre, 3 de dezembro de 2021 – O desencontro entre as pedidas e as ofertas limitaram os negócios no mercado doméstico de trigo nesta semana. No Rio Grande do Sul, as negociações com trigo seguem sendo destinadas ao mercado internacional. A avaliação é de SAFRAS & Mercado.

     Os últimos reportes de negócios foram a R$ 1.680/tonelada posto porto (sobre rodas) para pagamento no final do próximo mês de janeiro e a R$ 1.700/toneladas para pagamento no final de março. “Os moinhos locais estão na defensiva, não conseguindo acompanhar os preços ofertados pelos importadores. Na outra ponta, os produtores têm demonstrado menor interesse de venda. A percepção é de que as exportações fortes gerarão um quadro de aperto no abastecimento e, consequentemente, melhores oportunidades para negociar no pico da entressafra”, explica o analista de SAFRAS, Élcio Bento.

     No Paraná os reportes de negócios também tem sido pontuais. Os produtores olham para a paridade de importação para elevar suas pedidas nos lotes de melhor qualidade. Enquanto isso, ofertam trigo que sofreu alguma perda de qualidade em função do clima. Os moinhos demonstram interesse em torno de R$ 1.650/t para pagamento ainda em dezembro. Para pagamento a partir de março há reportes de negociações a R$ 1.700/t.

     “Segue chamando a atenção no RS o bom desempenho das vendas internacionais. Neste mês de dezembro os line-ups chegam a 485,60 mil toneladas (t) de exportações, uma elevação de 90% sobre novembro/21, um recorde para o mês e o maior volume já embarcado desde janeiro de 2015, quando as exportações atingiram 553 mil t.”, destaca o analista.

     Os line-ups estão alinhados aos reportes de mercado que dão conta que até o momento os registros de vendas ao mercado externo pelo estado chegam a 1,500 milhão de t.  A safra do RS deve fechar em 3,450 milhões de t. Considerando-se um total de importações próxima a 300 mil t, a disponibilidade interna fecha em 3,750 milhões de t. Entre ração e semente estima-se um consumo total próximo a 400 mil t. Caso as estimativas de exportações se confirmem, os excedentes para moagem seriam de apenas 1,850 milhão de t.

     A moagem pelos moinhos locais fica próxima a 1,9 milhão de t. Os estoques remanescentes da safra passada seriam suficientes para cobrir essa pequena diferença. Contudo, com os altos preços internacionais e com a baixa presença de compradores locais, já se especula que o estado possa embarcar até 2,0 milhões de toneladas no ciclo atual. Nesse último cenário, a dependência de importações seria maior.

     Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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