Porto Alegre, 12 de junho de 2023 – De acordo com o alerta agroclimático da Rural Clima, o dia começou com muito frio no Rio Grande do Sul, com temperaturas abaixo de dois graus em várias cidades, por conta da atuação de uma massa de ar polar. Na Metade Sul, as temperaturas estiveram próximas a 1 grau e, na fronteira com o Uruguai, as temperaturas no início do dia foram negativas, com registro de geadas.
De acordo com o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio dos Santos, no norte do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina não houve uma queda tão acentuada das temperaturas hoje, embora haja previsão de que essa massa de ar polar possa avançar e atingir essas regiões amanhã, provocando temperaturas extremamente baixas.
Santos ressalta que a geada registrada hoje em áreas do Rio Grande do Sul pode ter comprometido as lavouras de trigo que já estão no campo. Nas demais áreas do Brasil, também haverá bastante frio, mas sem ocorrência de geadas. “Isso manterá uma condição excepcional para o milho safrinha, café, cana, laranja, hortaliças e outras culturas. O problema do frio pode trazer efeitos nas regiões algodoeiras, como Mato Grosso, Goiás e mesmo áreas da Bahia, pois queda acentuada da temperatura pode prejudicar aplicação de desfoliantes na lavoura”, alerta.
Para a semana, há previsão de que frio seja intenso, mas sem geadas, podendo atingir regiões como o norte do Mato Grosso e o oeste da Bahia. “Somente não haverá geadas por conta das chuvas. Tivemos boas precipitações no Rio Grande do Sul e o radar mostra chuvas hoje entre Santa Catarina e o Paraná. Essa frente fria, que vai avançando, deve ficar estacionada entre o Sul, Sudeste e o Centro-Oeste, evitando geadas mais amplas ao longo da semana”, pontua.
Com uma semana mais úmida, com boas chuvas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraguai, Mato Grosso, Goiás, metade sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro, as lavouras devem seguir beneficiadas. “Porém a chuva pode atrapalhar a colheita de café, cana-de-açúcar, laranja e outras culturas, assim como prejudicar as operações nos portos de Santos, Tubarão, Paranaguá e na Bahia”, sinaliza. “As chuvas também poderão afetar um pouco a qualidade do algodão em Mato Grosso e do milho em Minas Gerais”, acrescenta.
As chuvas deverão seguir atrapalhando as atividades de campo no Amapá, Roraima e extremo norte do Pará. No Nordeste, as precipitações seguem restritas sobre o litoral, o que é bom para a cana-de-açúcar e o milho. “No interior nordestino, contudo, as chuvas serão fracas, assim como no Matopiba, que deve seguir com tempo seco. A exceção fica com o extremo sul do oeste da bahia, que até pode registrar chuvas em forma de garoa.
Segundo Santos, após a passagem dessa massa de ar polar, os modelos agora apontam que não há maiores preocupações por enquanto com o frio até o final de junho.
Estados Unidos
A semana será marcada por chuvas em todas as regiões produtoras do Meio-Oeste dos Estados Unidos, mas de forma irregular. “Somente mais para o fim da semana é que deve haver chuvas sobre sul de Illinois, sul de Indiana, Iowa, Missouri. Nas demais regiões choverá bem, exceto no sul do Texas, com precipitações irregulares”, alerta Santos.
As temperaturas seguirão altas, acima da média, o que é normal por conta da influência do El Niño, o que eleva umidade do solo. Santos admite que será preciso ficar atento com relação às chuvas no país, pois, após a passagem dessa frente o fim do mês marcado deve ser marcado por temperaturas altas e tempo seco. “Deveremos ter uma semana mais chuvosa nos Estados Unidos, seguida de uma ou duas semanas mais secas e com temperaturas mais altas. Isso pode afetar uma ou outra região”, informa.
Por enquanto, conforme Santos, apesar de que pode haver uma queda no percentual de lavouras boas a muito boas nos Estados Unidos, no relatório a ser divulgado pelo USDA, ainda é cedo para falar em quebras. “Daqui para frente vai se falar em chuvas mais frequentes, seguidas de uma ou duas semanas mais secas nos Estados Unidos”, comenta.
Paraguai
A frente fria passou pelo Paraguai e provocou chuvas no final de semana mais na fronteira com o oeste do Paraná e o sul de Mato Grosso do Sul. Segundo a meteorologista Ludmila Bardin, ela deve se deslocar para faixa central do Brasil entre hoje a amanhã, chegando ao Sudeste.
Bardin comenta que o Paraguai deve ter uma terça-feira e quarta-feira de bastante muita umidade na região de fronteira com oeste do Paraná e o sul de Mato Grosso do Sul, bem como na faixa mais central do país, com chuvas pouco significativas, mas que ajudarão a diminuir o efeito da entrada da massa de ar polar.
O avanço da massa de ar polar pelo Paraguai vai derrubar as temperaturas na madrugada, que devem ficar entre 4 e 6 graus, com registros de geadas em áreas de baixadas. A torcida é para que frente fria se mantenha e atenue a queda de temperatura. Em San Alberto, deve fazer entre 6 e 7 graus, com bastante nebulosidade. Na região de Hernandarias, há chuvas e umidade previstas de hoje até quinta-feira, com as temperaturas mínimas ficando entre 8 e 9 graus. “Pontualmente pode ter temperaturas mais baixas em áreas de baixada”, ressalta.
Amanhã, o tempo deve ficar mais aberto no sul do Paraguai e no Chaco. Em Bela Vista, a mínima esperada é de 5 graus e, em Santa Rita, pode ficar entre 6 e 7 graus. Na região de Filadelfia, pode fazer 5 graus na madrugada de quinta-feira.
Segundo Bardin, para o restante de junho, após a passagem dessa massa de ar polar, não se vê queda muito acentuada das temperaturas ao longo dos próximos 30 dias.
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Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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