Porto Alegre, 2 de abril de 2024 – O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse hoje, durante evento que comemora os 60 anos da instituição, que, entre os desafios a serem enfrentados, o maior é tentar normalizar a política monetária do país. Segundo ele, o objetivo é tentar explicar como o país consegue crescer com dinamismo, mesmo com taxas consideradas por muitos restritivas.
Galípolo também lembrou o desafio da comunicação. “Cada vez mais o BC vai ter que se comunicar com um público mais amplo. Vejo com bons olhos quando o debate sobre política monetária é democratizado.
O presidente do BC destacou que ser autoridade monetária é desafiador em “qualquer tempo e em qualquer lugar”. Mas, segundo Galípolo, “é difícil encontrar algum BC que tenha enfrentado tantos desafios como o brasileiro”. O atual presidente citou como exemplo o fato do país ter convivido com hiperinflação durante 15 anos.
“Tenho orgulho de ter passado pela primeira transição com o banco central autônomo. O BC deu um exemplo para além do que é seu mandato da estabilidade financeira e monetária”, disse Galípolo.
Galípolo citou, entre os desafios a serem enfrentado, os subsídios cruzados e regressivos, “que perpassam a política econômica do país”. Segundo ele, as exceções tributárias fazem com que grupos paguem menos. “O custo disso é que uma grande maioria menos favorecida pague por isso”.
O presidente do BC defendeu que canais tenham que ser desobstruídos para que se tenha “doses menores do remédio para se obter o mesmo efeito”. Galípolo acrescentou que a política monetária não tem vitória definitiva. “A finalidade do BC é tomar cada decisão de maneira técnica, transparente e objetiva”.
Presente ao evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defender o fortalecimento das instituições, caso do Banco Central. Lembrou que o BC está em um novo momento, após ter passado por uma transição complexa. Garantiu que o presidente do BC terá apoio do Executivo e da equipe econômica para tomar as decisões corretas.
“Vamos continuar produzindo os melhores resultados. O momento global que estamos passando não é fácil. O dia de hoje é muito particular que o mundo está vivendo”, disse o ministro, lembrando das tarifas que serão divulgadas logo mais pelo governo norte-americano. “O governo vai respeitar a autonomia do BC”, assegurou Haddad.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que o banco central tem o desafio de aumentar os juros quando necessário, “mas saber que o equilíbrio é fundamental”. A ministra disse ainda que as tarifas de Trump trazem uma preocupação muito grande e podem impactar a inflação mundial e do Brasil.
Tebet reforçou o discurso de Haddad sobre a autonomia do BC e destacou a harmonia entre a instituição, o Executivo e a equipe econômica. Lembrou as renúncias, “que precisam ser combatidas para garantir o fiscal” e frisou o bom momento da economia. “Temos bons números, mas precisamos combater a inflação de forma eficiente”.
A ministra disse acreditar que em 60 dias a inflação deve arrefecer, respondendo à queda dos alimentos. “Com isso, quem sabe e com sua autonomia respeitada, o BC poderá antecipar o ciclo de alta da taxa Selic”, concluiu.
Dylan Della Pasqua / Safras News
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