Dependendo de reação na demanda, feijão carioca atinge situação crítica; grão preto mantém viés de alta

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Imagem de Ariel Núñez Guzmán por Pixabay

Porto Alegre, 16 de agosto de 2024 – O mercado de feijão carioca seguiu enfrentando dificuldades significativas nessa semana, mesmo com a presença de feijões de alta qualidade (nota 8,5 ou superior) nas ofertas. Conforme destaca o analista e consultor da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a demanda, no entanto, tem se concentrado em feijões de nota 7,5, evidenciando uma busca por preços mais acessíveis, o que demonstra a seletividade dos compradores diante das atuais condições econômicas.

“Durante a madrugada, o movimento dos compradores foi considerado normal, mas as vendas novamente não atingiram as expectativas. A incerteza provocada pela queda nos preços tem levado os compradores a adotar uma postura de cautela, preferindo esperar o pós-pregão para tomar decisões de compra, na expectativa de melhores oportunidades de negociação”, explica.

As negociações mais relevantes envolveram duas cargas de feijão extra, com preços variando entre R$ 250,00 e R$ 255,00 por saca, dependendo das condições de venda, seja à vista ou a prazo. A comercialização de um lote de feijão carioca extra nota 9,5 EL a R$ 245,00 por saca, mais despesas, reforça essa seletividade do mercado. Entretanto, o volume de negócios permanece aquém do esperado, refletindo um mercado travado tanto no atacado paulista quanto nas principais regiões produtoras do país.

Segundo Oliveira, nas regiões produtoras, como Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Paraná, o mercado continua calmo e bem ofertado, mas sem alterações significativas nos preços. A resistência dos compradores em aceitar os preços ofertados para feijões comerciais, combinada com a possibilidade de negociações diretas com os produtores, tem limitado ainda mais as transações.”Esse cenário de pressão sobre as cotações, com muitos negócios realizados a valores inferiores aos custos de produção, torna menos provável um aumento no plantio de feijão carioca para a primeira safra de 2024/25. A recuperação do mercado depende agora de uma reação firme na demanda durante o último quadrimestre do ano, que será crucial para a sustentabilidade das cotações”, afirma.

Feijão preto

De acordo com o analista, o mercado de feijão preto tem mostrado um viés altista, com corretores agora considerando pedidas entre R$ 310,00 e R$ 340,00 por saca, o que surpreendeu o setor, especialmente quando comparado à pressão negativa enfrentada pelos preços do feijão carioca. Lotes de feijão preto extra foram negociados entre R$ 310,00 e R$ 320,00 por saca, mais despesas, com algumas pedidas alcançando R$ 340,00 por saca. A expectativa é que o mercado continue a mostrar tendência de alta, principalmente se a demanda se recuperar de forma mais consistente nas próximas semanas.

“A oferta está cada vez mais restrita, forçando os compradores a se movimentarem em busca de informações sobre preços e padrões de qualidade disponíveis. Para feijões comerciais, as pedidas variam entre R$ 310,00 e R$ 320,00 por saca, enquanto os melhores padrões chegam a R$ 340,00 por saca para o grão nacional. O produto importado da Argentina já ultrapassa os R$ 350,00 por saca, refletindo a escassez e a alta demanda”, relata.

Ainda, de acordo com Oliveira, desde o início da semana, as vendas têm se concentrado em feijões de qualidade inferior, enquanto o último relatório de embarques dos portos brasileiros destaca cargas programadas de 4 mil e 10 mil toneladas de feijão preto para a segunda quinzena deste mês, com destino ainda indefinido. Esse ritmo robusto de embarques tem sustentado as cotações, sugerindo que, mesmo diante de inatividade momentânea, a demanda externa pode continuar a apoiar os preços no curto prazo.

“O mercado, que passou por um longo período de estabilidade, experimentou recentemente mudanças significativas, gerando incertezas sobre os preços e evidenciando uma tendência clara de redução dos estoques. Com volumes disponíveis limitados e em declínio, a ausência de novas colheitas tem impulsionado os preços diretamente nas lavouras”, completa.

No Paraná, principal estado produtor de feijão preto no Brasil, o aumento nos preços reflete a escassez na oferta. Algumas empresas, operando com estoques que permitem adiar compras imediatas, ainda realizam vendas pontuais no mercado, renegociando os preços dos seus fardos para se ajustar às exigências atuais antes de concretizar as transações.

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Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência Safras News

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