Demanda interna do algodão segue lenta e trabalhando com bases retraídas

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     Porto Alegre, 22 de setembro de 2023 – A demanda interna segue em ritmo lento e trabalhando com bases mais retraídas. Esse movimento contracionista nas cotações domésticas acaba deixando o mercado físico brasileiro de algodão fraco de negócios, informou a SAFRAS Consultoria.

     O preço do algodão posto no polo industrial de São Paulo terminou a quinta-feira (21) cotado em torno de R$ 4,00/libra-peso, queda de 0,74% em comparação com o dia 20. Na semana anterior a fibra estava R$ 4,07/libra-peso, correspondendo a uma perda de 1,72%. Também houve uma desvalorização de 1,96% ao mesmo período de um mês e de 33,33% de um ano atrás, demonstrando que a indústria vem trabalhando mais devagar ao longo deste ano. Os valores negociados eram respectivamente R$ 4,08/libra-peso e R$ 6,00/libra-peso.

     Segundo a SAFRAS Consultoria, a boa disponibilidade interna de algodão tem refletido numa exportação mais agressiva por parte do produtor brasileiro. No FOB porto de Santos, a pluma encerrou o dia 21 negociada a 79,26 centavos de dólar, um recuo de 3,25% na semana. Com isso, a indicação do prêmio ficou em -7,21 centavos/libra-peso contra ICE US. Há uma semana era -5,87 centavos/libra-peso.

SAFRAS Agri Week

     A Bolsa de Nova York para o algodão vem ensaiando romper a resistência de US$ 0,90 por libra -peso, diante da deterioração das lavouras norte-americanas. “Porém, o cenário de otimismo internacional vai diminuindo e tira a tração de alta”, explica o analista e consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Carlos Barabach, durante palestra realizada no 6º SAFRAS Agri Week.

     O calor intenso tem afetado o potencial produtivo da safra dos Estados Unidos. “Em outubro, inclusive, o USDA (Departamento de Agricultura norte-americano) pode cortar novamente sua estimativa para a produção do país”, aposta. “Até porque as lavouras este ano estão piores que no ano passado”, pontua.

     Como fator de baixa, aparece o cenário econômico mundial mais nebuloso. Para o analista, deve permanecer “carrancudo” até meados de 2024. O último relatório do Federal Reserve (Fed), abrindo espaço para o recrudescimento na política monetária até o final do ano, ajuda a deteriorar o humor do mercado.

     A economia chinesa também segue dando dor de cabeça aos investidores. Após um primeiro trimestre pungente, o segundo foi decepcionante. “E o terceiro trimestre mostra uma China errática, dando alguns sinais econômicos positivos e outros não tão bons”, pondera.

     Internamente, Barabach destaca que o Brasil precisa seguir competitivo no cenário exportador. “O país tem que continuar agressivo nas exportações, para escoar a produção”, relata. Em 2023, as vendas ao exterior devem somar 1,69 milhão de toneladas, 6% a menos do que as 1,8 milhão de toneladas de 2022, diante da maior concorrência de outros países. Para 2024, SAFRAS & Mercado estima um aumento nos negócios internacionais para 2,35 milhões de toneladas.

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     Sara Lane (sara.silva@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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