Porto Alegre, 03 de março de 2023 – O mercado brasileiro de milho teve um mês de fevereiro de cotações pouco alteradas. O foco esteve voltado para a colheita da soja e plantio do milho safrinha. A oferta de milho mostrou-se presente, com muitos produtores optando pela retenção da soja e venda do cereal. Inclusive houve praças em que as cotações cederam um pouco para o milho.
O consultor de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, destaca que as dificuldades para a colheita da soja nesta safra 2023 prosseguem, atrapalhando a semeadura do milho safrinha. “A situação melhorou bastante no Centro-Oeste e o plantio do milho vai avançando e poderá terminar nos primeiros dez dias de março. Contudo, as demais regiões prosseguem com quadro complicado e com safrinha atrasada”, comenta.
Ele diz que ainda é difícil afirmar que teremos retração de área plantada devido a este atraso, mas pode-se afirmar que perto de 50% da área será cultivada em março. Isso não traz problemas graves, mas coloca a produção em uma curva de risco maior com o clima do outono/ inverno.
Molinari diz que os consumidores internos conseguiram segurar os preços do milho por mais um mês, enquanto o produtor decide segurar soja nos armazéns e vender milho. “Entre os fatos ocorridos com o boi gordo, com mais um caso de BSE atípica em um animal de mais de 10 anos de idade no Pará, e o aumento de casos de gripe aviária na Argentina, devemos refletir que estes acontecimentos não alteram a demanda interna de milho e muito menos alteram o perfil de abastecimento interno”, avalia. Inicialmente, porque o momento é de gado de pastagem e menor volume de confinamento, bem como porque a paralisação de exportações para a China deve ocorrer apenas por 30 dias, analisa o consultor.
“No caso da Gripe Aviária, os casos não chegaram a granjas comerciais na Argentina e muito menos no Brasil, mas, é claro que procedimentos preventivos devem ser acentuados daqui para frente. Então, o quadro do milho no Brasil em nada tem interferência destes casos sanitários”, comenta.
A colheita da soja com produtividades acima do esperado, com atrasos e concentrada traz efeitos claros para a logística brasileira, destaca Molinari. “E os produtores seguem procurando espaço para guardar mais soja, seguindo com vendas no milho. Esta condição ajuda os consumidores de milho a se abastecer no curto prazo e, na pressão de venda pelos produtores, conter preços no curto prazo. Assim foi o mês de fevereiro”, descreve o consultor.
Ele indica que as notícias de perdas de produção de soja na Argentina acentuam esta expectativa do produtor em reter mais soja do que milho. Porém, o atraso de colheita da soja está colocando a safrinha em colheitas mais tardias. “Se teríamos uma colheita projetada para final de junho/julho agora teremos colheitas mais concentradas em final de julho/agosto. E isto deverá prolongar um pouco mais a entressafra 2023 e exigir mais do milho disponível. Os consumidores parecem pouco preocupados com o quadro e abrem espaço até para que os vendedores passem a fazer volumes para exportação pelos portos de Rio Grande e Imbituba”, destaca o consultor.
No balanço de fevereiro no mercado disponível ao produtor, o preço do milho em Cascavel, Paraná, permaneceu estável na base de venda em R$ 85,00 a saca. Em Campinas/CIF, caiu na base de venda em fevereiro de R$ 92,00 a saca para R$ 91,00, baixa de 1,1%. Na região Mogiana paulista, o cereal baixou no comparativo de R$ 86,00 para R$ 85,00 a saca, queda de 1,2%.
Em Rondonópolis, Mato Grosso, a cotação seguiu em R$ 73,00 a saca. Já em Erechim, Rio Grande do Sul, o preço no balanço caiu de R$ 93,50 para R$ 92,50, recuo de 1,1%.
Em Uberlândia, Minas Gerais, o preço na venda em fevereiro ficou estável em R$ 80,00. E em Rio Verde, Goiás, o preço na venda seguiu em R$ 80,00.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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