Cotações do café seguiram avançando nas bolsas, apesar de correção nesta quinta

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    Porto Alegre, 19 de abril de 2024 – Os preços do café voltaram a disparar nesta semana tanto para o arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) quanto para o robusta na Bolsa de Londres. O arábica em NY na manhã desta quinta-feira (dia 18) bateu nos níveis mais altos em dois anos, enquanto o robusta em Londres atingiu os patamares mais elevados em 16 anos. Mas, houve correção para baixo importante no fechamento desta quinta-feira. O mercado físico brasileiro de café acompanhou as oscilações das bolsas.

    Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, os preços do café continuam bastante valorizados, refletindo as preocupações com a falta de chuva no Vietnã, que ameaça a safra 2024/25 da principal origem de robusta do mundo. “A demora na chegada da safra brasileira, particularmente do conilon, que é um ponto chave na oferta mundial de café ao longo do ano, intensifica os sinais de escassez e impulsiona o movimento de alta nos preços. Este impulso fundamental foi amplificado por fluxos financeiros agressivos de fundos e pela cobertura de posições dos vendidos”, comenta.

Ele destaca que em NY, o contrato julho/24, que tem a maior liquidez e serve como referência para a formação de preços no mercado mundial, recuou após ultrapassar os 245 cents e registrar ganhos de 30% em pouco mais de duas semanas neste mês de abril. Mas, acabou se afastando das máximas e fechou a quinta-feira em 231,10 centavos. Apesar do recuo, Barabach observa que ainda mantém um ganho em torno de 24%, o que representa uma mudança significativa na curva de preços, gerando tensão entre os compradores, agitação entre os vendedores e questionamentos sobre a consistência dessa alta.

Além do aumento na posição comprada de fundos e especuladores na Bolsa de NY, o consultor indica que alguns pontos continuam chamando atenção em relação à construção dos ganhos. “Primeiramente, o café mantém sua trajetória ascendente, mesmo diante da valorização do dólar em relação a outras moedas globais. Além disso, após o vencimento das opções de maio/24, observa-se que o movimento de cobertura de calls também se estendem para posições mais longas como julho/24 e setembro/24. Esse movimento parece estar mais relacionado a preocupações com fluxo de caixa do que com os fundamentos intrínsecos do mercado de café”, acredita. Ele coloca que, na prática, os operadores estão buscando mitigar a exposição de suas carteiras devido aos riscos emergentes associados à crescente volatilidade do mercado.

Para o consultor, muito embora o mercado se apresente excessivamente esticado, uma alteração mais significativa na curva de preços para baixo exigirá uma confirmação de mudanças no cenário de abastecimento. “Isso poderia incluir o retorno das chuvas no Vietnã ou a entrada das safras novas de café do Brasil e da Indonésia no mercado. A safra dessas origens deverá ganhar maior visibilidade no próximo mês de maio”, adverte.

    No balanço semanal na Bolsa de Nova York, entre as quintas-feiras 11 e 18 de abril, os preços no contrato julho subiram de 217,35 para 231,10 centavos de dólar, uma alta de 6,3%. Em Londres, no mesmo comparativo, o contrato julho subiu 7,2%.

    O mercado físico brasileiro de café seguiu os movimentos das bolsas, com muita agitação nos movimentos altistas. Os produtores aproveitaram para negociar mais nas altas e se retraíram na correção desta quinta-feira.

    O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais subiu nos últimos sete dias (até esta quinta-feira, 18) de R$ 1.185,00 para R$ 1.295,00 a saca na base de compra, alta de 6,3%. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, no mesmo comparativo, avançou de R$ 1.055,00 para R$ 1.135,00 a saca, elevação de 7,6%.

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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Safras News

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