Porto Alegre, 25 de março de 2022 – A semana no mercado de café foi de preços firmes para o arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) e de cotações já pressionadas no Brasil pela proximidade da colheita da safra 2022, além da queda do dólar também estar pressionando o grão em reais.
No balanço dos últimos sete dias, entre a quinta-feira (17) e esta quinta-feira (24), o café arábica para maio em NY subiu de 216,10 para 221,85 centavos de dólar por libra-peso, acumulando uma alta de 2,7%. Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o café se afastou do fundo de 210 cents, com a posição maio avançando acima da linha de 220 cents. Porém, “o fato é que, apesar do bom avanço, é nítida a dificuldade do café em dar sequência aos ganhos. A bebida não consegue ir além do patamar de 225 cents, além de continuar abaixo do parâmetro de 100 períodos, que serve como balizador de tendência técnica de longo prazo”, avalia.
Para Barabach, o mercado deve continuar volátil e vulnerável às mudanças de humor dos investidores. Mas, a dificuldade em vencer novas resistências mantém a cotação em NY ainda próxima do fundo, o que indica consolidação do viés de baixa iniciado em fevereiro. “O dólar e o petróleo continuam no radar, mas trazendo muito mais volatilidade que direção aos preços de café”, avalia.
A ausência de novidades do lado fundamental acaba reforçando os cenários traçados anteriormente, pondera o consultor. “Com isso, o tamanho da safra brasileira 2022 vai se estabelecendo (Safras trabalha com 61,10 milhões de sacas). O início da colheita da safra brasileira está cada dia mais próximo, com conilon começando em abril e o arábica em maio, o que tem levado à antecipação dessa nova disponibilidade física”, aborda. Isso altera a postura, especialmente dos compradores, e já influencia o comportamento dos preços.
Com NY volátil e tendo até um comportamento positivo nesta semana, a baixa do dólar foi mais intensa e pesou sobre as cotações do café no Brasil. O dólar comercial entre os dias 17 e 24 acumulou uma baixa de 4,0%, se estabelecendo abaixo de R$ 5,00. Barabach indica que o mercado antecipa o movimento de baixa diante da pressão sazonal com o avanço da oferta de café novo no mercado. “Interessante que esse movimento vem ocorrendo a despeito da retranca do vendedor e da baixa liquidez dos negócios. A demanda mais curta colabora com esse realinhamento. Exportador continua mais preocupado em fechar embarques atrasados do que firmar novas posições”, comenta.
No balanço dos últimos 7 dias, o café arábica bebida boa na base de compra no sul de Minas Gerais, com 15% de catação, se manteve em R$ 1.270,00 a saca de 60 quilos. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, avançou um pouco de R$ 760,00 para R$ 770,00 a saca.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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