Porto Alegre, 14 de outubro de 2022 – O mercado internacional de café teve uma semana de fortes baixas nas bolsas de futuros. Em Nova York, que baliza a comercialização internacional, os preços despencaram e romperam para baixo a importante linha técnica e psicológica de US$ 2,00 a libra-peso. As notícias trazendo melhores perspectivas em relação à oferta, especialmente do Brasil, derrubaram as cotações. Além disso, o cenário financeiro de aversão ao risco, com apreensões com recessão global, pesa sobre o mercado.
No Brasil, bom desempenho das exportações em setembro trouxe maior tranquilidade em relação ao abastecimento global, após um período longo de amplas preocupações com oferta curta, diante de uma safra menor colhida pelo país em 2022 que o esperado. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os embarques brasileiros totalizaram 3,386 milhões de sacas de 60 kg em setembro deste ano, implicando alta de 4,5% em relação aos 3,240 milhões remetidos ao exterior no mesmo intervalo de 2021, somando verde e industrializado.
De acordo com o presidente da entidade, Günter Häusler, a performance reflete um maior ingresso dos cafés arábicas da nova safra, que contrabalança a intensa demanda das indústrias nacionais pelos cafés canéforas (robusta + conilon). “As exportações de arábica subiram 18% ante setembro de 2021 e registraram o segundo melhor patamar dos últimos cinco anos. Assim, no total, a queda nos envios de conilon e robusta foi compensada, gerando um fechamento positivo no mês passado”, avalia.
Chuvas benéficas às floradas e pegamento das floradas no Brasil agora em outubro trazem também o sentimento de ótimas condições para a safra de 2023 do país. Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, no lado fundamental o mercado segue enfrentando a resistência de uma demanda lenta no disponível, com comprador atento ao bom andamento das floradas da safra brasileira. “O mercado perde importante suporte, que confirmaria a quebra do comportamento lateral e a mudança para baixo no patamar de atuação de bebida na bolsa de NY”, diz.
Outro fator de pressão é o início de um novo ciclo produtivo na Colômbia, América Central e Vietnã, diz Barabach. “Essas importantes origens vinham apresentando queda na produção e recuo no fluxo de embarques ao longo dos últimos meses, o que ajudava a compor o quadro de aperto na oferta. Os dados da OIC (Organização Internacional do Café) apontam embarques mundiais de apenas 8,83 milhões de sacas em agosto de 2022, o que corresponde a queda de 3,7% na comparação com igual período do ano passado. Na temporada 2021/22 (out/ago) os embarques de café somam 118,86 milhões de toneladas, queda de 0,3% na comparação com igual período da temporada anterior. “Mas essas importantes origens começam um novo ciclo comercial agora em outubro, o que tende a elevar a oferta disponível a partir dos próximos meses. O preço alto na ICE US, o dólar valorizado e a sombra de uma safra cheia no Brasil em 2023 e acaba interferindo na postura dos vendedores, o que também colabora com curva negativa dos preços”, avalia o consultor.
No balanço dos últimos sete dias, entre 06 e 13 de outubro, o contrato dezembro na Bolsa de NY caiu de 217,70 para 202,15 centavos de dólar por libra-peso, queda de 7,1%. E no momento do fechamento desta coluna NY nesta sexta-feira trabalhava para dezembro abaixo dos 200 centavos. O mercado opera nos níveis mais baixos em quase três meses.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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