São Paulo, 17 de março de 2025 – A Natura&Co Holding (NTCO3) informa que seu conselho de administração, em reunião realizada nesta data, aprovou a abertura do programa de recompra de ações da companhia. A companhia poderá, a seu exclusivo critério e nos termos do programa de recompra, adquirir até 52.631.578 ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal, correspondentes a até 3,8% % do total de ações de emissão da companhia e até 6,2% das ações em circulação, pelo prazo máximo de 12 meses, iniciando-se no dia 17 de março de 2025 e encerrando-se em 17 de março de 2026 (inclusive).
A companhia afirma que o objetivo do programa “é maximizar a geração de valor para os acionistas por meio de uma administração eficiente de sua estrutura de capital, mediante a aquisição das ações ordinárias de sua própria emissão, para permanência em tesouraria, bonificação ou posterior alienação no mercado, cancelamento, sem redução do capital social, podendo, ainda, atender o exercício de incentivos outorgados de acordo com os programas de ações restritas e de opções de compra de ações da companhia”.
Conforme última posição acionária disponível, a Companhia possui 852.227.147 ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal, de emissão da Companhia em circulação e 298.573 ações em tesouraria.
As operações de aquisição serão realizadas na B3, a preço de mercado, cabendo à administração da companhia decidir o momento e a quantidade ações a serem adquiridas, seja em uma única operação ou em uma série de operações, respeitando os limites previstos na regulamentação aplicável.
A operação de aquisição das ações da companhia será intermediada pelo Itaú Corretora de Valores.
As operações serão suportadas pelo montante global das reservas capital. A companhia disse que possui reserva de capital em valor suficiente para a execução do programa de recompra de ações.
A Natura também informa que a continuidade da existência de recursos disponíveis para lastrear as operações de aquisição das próprias ações deverá ser verificada com base nas demonstrações contábeis anuais, intermediárias ou trimestrais mais recentes divulgadas pela companhia anteriormente à efetiva transferência, para a companhia, da titularidade das ações de sua emissão.
Não será admitida a utilização de valores projetados para o resultado de exercício em curso para lastrear as operações realizadas no âmbito do Programa de Recompra de Ações.
Resultado poluído e queda na lucratividade derrubam ação em 30%
A ação da Natura&Co foi o destaque negativo do pregão da última sexta-feira (14), após resultados do quarto trimestre e do consolidado de 2024 na noite de quinta-feira (13). O ativo NTCO3 despencou cerca de 30%.
O Itaú BBA disse que o que mais surpreendeu foi a dinâmica negativa da margem bruta após o bom desempenho do terceiro trimestre. Deixando de lado a sazonalidade, os analistas esperavam uma impressão melhor (62,9% no 4T, perda de 2,4p.p.). “Isso nos deixa com um ponto de interrogação sobre quanto do (bom) desempenho do faturamento (principalmente na Natura Brasil, aumento anual de 21%) foi reforçado por margens mais baixas. E mais importante como se comportaria a partir de agora. Devemos entender o quanto o mix de diferentes produtos/canais de vendas impactou o trimestre e se nossas estimativas de faturamento daqui para frente capturam a configuração correta de margem bruta”, comentaram os analistas, em relatório.
O Itaú BBA também citam que em outros lugares do balanço, números bastante poluídos e difíceis de ler, citando a reconsolidação da Avon Internacional, realocação de Capex para Opex e hiperinflação na Argentina para a qual a divulgação foi reduzida. “Mesmo com os ajustes necessários para impactos não recorrentes, o resultado ficou abaixo das nossas expectativas uma perda de ebitda de 27%. A dívida líquida, um aspecto crucial para estimar as expectativas de pagamento de dividendos, estava em linha com a nossa previsão de R$ 2,4 bilhões, mas impulsionada por uma geração de fluxo de caixa de qualidade ligeiramente inferior, com uma geração mais fraca em operações continuadas (embora difícil de estimar dada a reconsolidação da Avon Intl)”, comentaram.
Em relação à teleconferência, os analistas do Itaú BBA destacaram que a diretoria da empresa disse que os níveis de custos de transformação devem ser mantidos e que o rendimento de dividendos deveria ser uma componente menos relevante do retorno total para os acionistas do que o crescimento do ebitda. Eles avaliam que a falta de explicações mais detalhadas sobre as pressões sobre as margens deverá aumentar ainda mais a decepção com os resultados divulgados.
A Ativa Investimentos comenta que a Natura &Co apresentou um resultado ainda poluído por custos de integração e pelos custos com o Chapter 11 da API nos EUA. “Em termos de receita, a companhia entregou números em linha com nossas estimativas, em R$ 7,4 bi, ainda com Avon e Casa & Estilo pressionando o desempenho consolidado. As rentabilidades também foram pressionadas. Na margem bruta, a pressão veio da venda da categoria de presentes e das festas de fim de ano e Black Friday. Na margem ebitda, houve pressão nos impactos contábeis da Argentina, despesas com marketing, vendas e logística, além de aumento em P&D e despesas com integração e custos com o Chapter 11 da API. No bottom line, o prejuízo veio dos custos não recorrentes com o Chapter 11 da API e as demais despesas com integração que ainda pressionam o resultado final da companhia”, resumiu a corretora.
A XP também destacou que a lucratividade foi o ponto negativo. “Após 7 trimestres de expansão de margem, a margem bruta caiu 20 pontos base devido a efeitos pontuais na Argentina (-0,5 p.p), enquanto a mistura de produtos (maior participação de presentes) e esforços comerciais táticos compensaram parcialmente uma melhor mistura de países e ganhos da Onda 2. A margem ebitda ajustada caiu 2p.p devido à reclassificação de investimentos em TI de Capex para Opex (-1,6p.p), o que deve continuar até o primeiro semestre de 2025, e os royalties da Avon (-0,5p.p), enquanto a pressão sobre G&A resultou de investimentos contínuos em P&D e iniciativas omnichannel”, observou a análise.
Os analistas da XP também notaram que: as despesas de holding caíram 36% na base anual e devem continuar diminuindo em 2025; a Avon está apresentando resultados promissores nas categorias de maquiagem e cuidados com a pele, embora apoiados por incentivos comerciais táticos; a venda cruzada continua a evoluir no Brasil, enquanto mais ganhos de eficiência logística devem ser capturados em 2025; o México e a Argentina já estão sendo impactados pela implementação da Onda 2; os custos de transformação devem continuar em 2025 devido à implementação da Onda 2, migração de fábricas para Cajamar e investimentos em TI/sistemas; e a administração continua a trabalhar para entregar melhores resultados em receita, margens e fluxo de caixa livre em 2025.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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