Porto Alegre, 12 de abril de 2024 – A comercialização de café no Brasil, tanto da safra passada 2023/24 quanto da safra que está em início de colheita 2024/25, tem melhorado seu ritmo, com produtores atraídos às vendas pelos preços mais altos estimulados por fortes valorização do arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) e para o robusta/conilon na Bolsa de Londres. É o que mostram os levantamentos mensais de evolução da comercialização, da Safras Consultoria.
As vendas da safra de café 2023/24 (julho/junho) do Brasil chegam a 89% do potencial da safra até o último dia 09 de abril, segundo a Safras Consultoria. Houve um avanço de 5 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Assim, as vendas estão avançadas em relação a igual período do ano passado, quando estavam em 87%, e ligeiramente acima da média de 5 anos, que gira em torno de 88% da produção para esse período do ano.
Dessa forma, de uma safra 2023/24 estimada por Safras & Mercado em 58,65 milhões de sacas, já foram comercializadas 58,65 milhões de sacas.
Segundo o consultor de Safras, Gil Barabach, a recente valorização dos preços do café trouxe movimentação ao mercado físico interno brasileiro. “Os produtores estão mais presentes na venda, aproveitando o momento favorável. O aumento dos preços tanto em NY quanto em Londres, aliado ao dólar acima de R$ 5,00, estimulou os vendedores e proporcionou maior liquidez às negociações. Muitos produtores estão adiantando suas vendas para garantir fluxo de caixa durante a colheita”, comentou.
As vendas de café arábica no Brasil atingiram 86% da produção, sinalizando um produtor bem mais ativo no mercado, observa Barabach. Esses números já superam os do mesmo período do ano passado, quando as vendas representavam 85% da safra, e estão alinhados com a média dos últimos cinco anos. “Destaca-se o avanço das vendas no Cerrado, Matas e no Sul de Minas, especialmente entre as cooperativas”, indica.
Barabach indica que a comercialização de conilon continua em ritmo acelerado, impulsionada pelo forte interesse externo. “O preço ultrapassando a marca de R$ 1.000 a saca tem estimulado as vendas, reduzindo a disponibilidade e deixando pouco café na mão do produtor neste período de transição entre as safras 2023 e 2024 no Brasil”, avalia. As vendas de conilon atingiram 96% da produção, um número superior ao mesmo período do ano passado (91%) e acima da média dos últimos cinco anos (92%).
2024/25
Já a comercialização antecipada da safra brasileira de café 2024/25 está em torno de 16% do potencial produtivo. Um percentual abaixo do normal para o período, que gira em torno de 23%, e abaixo da média para o período (24%). Barabach diz que o fluxo de negócios com a safra nova de café está ganhando intensidade, impulsionado pela significativa melhora nos preços. “Embora ainda possa parecer estranho para alguns produtores aceitar um preço futuro abaixo do disponível, é evidente o que o salto nas cotações fez crescer a disposição em vender café da safra nova”, avalia.
As vendas de café arábica subiram para 19% do potencial da safra 2024, em comparação com os 25% do mesmo período do ano passado e a média dos últimos 5 anos, que é de 28%. O salto nos preços, que subiram mais de R$ 100 a saca desde o início de abril, tem acelerado as vendas.
Quanto ao café conilon, as vendas também estão ganhando ritmo e alcançam 9% da produção. Mesmo com o avanço, as vendas ainda estão abaixo do mesmo período do ano passado, quando 18% da produção estava negociada, e aquém da média dos últimos 5 anos, que é de 18%. “A relutância dos vendedores e a resistência da indústria de torrefação doméstica explicam esse comportamento”, aponta Barabach.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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