Comercialização da safra nova de café no Brasil reduz ritmo e está em 22%

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    Porto Alegre, 14 de junho de 2024 – A comercialização da safra nova 2024/25 de café do Brasil perdeu ritmo nas últimas semanas. Levantamento de Safras & Mercado revela que, até o último dia 11 de junho, apenas 22% do potencial da safra brasileira 2024/25 havia sido vendido pelos produtores. O avanço tem sido lento nos negócios e isso mantém a comercialização atrasada em comparação com o mesmo período do ano passado, quando 26% da safra já havia sido negociada, e abaixo da média dos últimos 5 anos, que aponta vendas de 32%.

      Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, apesar dos preços do café estarem bastante elevados no início da safra, algo incomum, o fluxo de negócios segue lento e o produtor bastante cauteloso. “A alta nas bolsas, tanto para o arábica em NY quanto para o robusta em Londres, combinada com a valorização do dólar (que atingiu R$ 5,40), levou o preço do conilon a níveis históricos no Brasil”, avalia. O arábica de melhor qualidade também está sendo negociado acima de R$ 1.300 por saca, um preço similar ao alcançado quando repercutia a geada de 2021. “Porém, isso não é suficiente para estimular o interesse de venda do produtor”, indica.

“Os produtores estão bem capitalizados devido às vendas do café remanescente da safra 2023 nos primeiros meses do ano, especialmente em abril, quando aproveitaram a forte alta nos preços. Isso ajudou a esvaziar estoques e garantir recursos para cobrir despesas de colheita, além de sustentar o intenso fluxo de embarques observado nos últimos meses no Brasil”, comenta. Além disso, os produtores anteciparam posições com relação à safra 2024, o que diminuiu a exposição à chegada da nova safra. Agora, eles gerenciam a comercialização com mais tranquilidade, acompanhando os ganhos recentes sem pressa, monitorando a temporada fria e preparando com calma o café recém-colhido, observa o consultor.

As vendas de café arábica representam 23% da produção, abaixo dos 28% do mesmo período do ano anterior e aquém da média de 5 anos, que fica em torno de 34% da safra vendida. As vendas de café conilon avançaram 5 pontos percentuais e alcançam 20% da produção, em comparação com os 24% registrados no mesmo período do ano passado, quando os produtores estavam mais agressivos. No entanto, esse percentual ainda está bem abaixo da média dos últimos 5 anos, que é de 29%, quando eram impulsionados por uma maior presença da indústria doméstica.

Colheita

Já a colheita anda bem, com os produtores aproveitando o clima seco e a maturação antecipada do arábica. De acordo com o acompanhamento semanal de Safras & Mercado, até o dia 11 de junho, 37% da safra 24/25 já havia sido colhida. Esse percentual supera o mesmo período do ano passado, que foi 33%, e a média dos últimos 5 anos para o mesmo período, que foi de 34%.

A colheita do conilon segue em bom ritmo e já ultrapassou a metade da produção, com 51% dos trabalhos já concluídos. “Após um início mais lento, os trabalhos aceleraram, especialmente em Rondônia. No entanto, as chuvas isoladas atrapalharam um pouco a colheita no Espírito Santo”, aponta o consultor de Safras, Gil Barabach. Mesmo assim, os trabalhos estão acima do mesmo período do ano passado (49%) e em linha com a média dos últimos 5 anos. Continuam os relatos de café miúdo e perdas em torno de 10% a 15% da safra, com alguns produtores indicando até 30% abaixo do esperado. Isso reforça a ideia de revisão negativa no número de safra, avalia Barabach.

Quanto à colheita de arábica, ela está bastante acelerada, com 30% dos trabalhos já concluídos. Assim, supera tanto igual época do ano passado como a média de 5 anos, ambos em 25%. “Embora a questão da peneira mais miúda continue sendo um problema, isso não tem se traduzido em quebra de renda (ou seja, mais café em coco para uma saca de beneficiado) devido à maior densidade do grão. Portanto, a expectativa é de uma produção de arábica maior este ano. Os produtores estão mantendo bons procedimentos de secagem, beneficiamento e descanso do café nas tulhas, o que contribui para a qualidade final. Em todo caso, começa a aparecer um pouco mais de café nas cooperativas e praças de negociação”, comenta.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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