Porto Alegre, 22 de setembro de 2023 – As vendas da safra brasileira de café 2023/24 chegaram à metade, segundo levantamento mensal de SAFRAS & Mercado. Os trabalhos estão em 50% do total esperado a ser produzido até o dia 18 de setembro. No mês anterior, a comercialização chegava a 41%. O percentual de vendas é inferior a igual período do ano passado, quando estava em cerca de 52% da safra, e está também abaixo da média normal para o período, que é de 53%. Desta forma, já foram negociadas 33,57 milhões de sacas de uma safra 2023/24 estimada por SAFRAS & Mercado de 66,65 milhões de sacas.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o fluxo de vendas de café da safra 2023 continua sem linearidade e bastante regionalizado. “Enquanto no Sul de Minas, Espírito Santo e Rondônia as vendas ganharam um pouco mais ritmo, o fluxo continua bastante retraído no Cerrado e na Mogiana. O principal impulso comercial é a necessidade de caixa, o que torna a comercialização ainda mais dosada”, aponta Barabach.
Ele coloca que a demanda também continua a se posicionar de forma escalonada, o que contribuiu para a cadência lenta dos negócios. “Nesse sentido, a boa performance dos embarques nesses 2 primeiros meses da temporada comercial 2023/24 está atrelada, em boa parte, às negociações antecipadas”, indica.
Já a recente melhora nas cotações no mercado internacional de café não foi suficiente para alterar o comportamento dos vendedores. “É verdade que a oferta disponível aumentou, com o término da colheita. Mas o produtor continua evitando vir para o mercado. O bolsão de calor nesse final de inverno e início de primavera aqui no Brasil pode causar sequelas às lavouras de café e traz à tona o mercado de clima com as floradas da safra 2024”, comenta.
As vendas do café arábica chegam a 47% da produção, abaixo de igual período do ano passado e da média de 5 anos, ambas em 51%. “A surpresa produtiva positiva e o aumento na disponibilidade física melhoraram a dinâmica comercial. Mas a volatilidade no dólar e na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) acabou esfriando os ânimos e tirando cadência do fluxo de vendas. O produtor mais capitalizado direciona atuação para a entressafra”, comenta Barabach.
Porém, segundo ele, é preciso seguir atento às oportunidades geradas pela volatilidade climática, típica desse período do ano. Para o consultor, superadas essas duas semanas de estresse climático, os modelos indicam uma melhora significativa no volume de chuvas ao longo de outubro e novembro, o que seria bastante positivo para as lavouras. E, com isso, induzir, um desmanche da proteção climática. Ele lembra que aconteceu algo similar em outubro do ano passado.
Já as vendas de conilon ganharam mais intensidade, diante da maior presença de vendedores. O robusta em Londres e o arábica em NY encontraram um ponto de equilíbrio. E isso acaba limitando as investidas de alta do robusta, o que esvazia a aposta de alta e resulta em mais vendedores ao mercado, avalia Barabach. A comercialização de conilon no Brasil saltou para 57% da safra 2023 e já supera os 55% vendidos em igual período do ano passado e de média de 5 anos.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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