Desta forma, já foram negociadas 21,32 milhões de sacas de uma safra 2023/24 estimada por SAFRAS & Mercado de 66,65 milhões de sacas.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o aumento da disponibilidade física estimula vendas, mas o produtor ficou assustado com o tombo no preço e acabou se retraindo. “O fato é que a bebida boa do Sul de Minas acumula perdas nominais de 18% nos últimos 30 dias, diante da pressão com a chegada de safra 2023. E o resultado produtivo acima do esperado reforça a ideia de uma safra cheia, especialmente de arábica, elevando o efeito sazonal contra as cotações”, indica.
Para ele, o produtor, que demorou um pouco para entender a mudança no mercado, parece que vai assimilando, ainda que de forma tímida, essa nova realidade. “Mas, do outro lado, encontra um comprador cauteloso, que evita carregar posições muito pesadas, o que também contribui para um fluxo cadenciado de vendas nesse início da temporada 2023/24”, diz.
As vendas do café arábica alcançam 30% da produção, bem abaixo de igual período do ano passado e da média de 5 ano, ambas em 39%. “Muitos produtores têm concentrado esforço para preparar os cafés para entrega e liquidação das vendas a termo (futuras), o que inibe as vendas novas. O preço baixo também acaba estimulando o produtor a segurar café para uma negociação mais à frente”, afirma.
No caso do conilon, “o avanço da colheita e a acomodação na curva de preços externa do robusta no terminal de Londres acabaram trazendo mais vendedores ao mercado, o que explica o bom andamento das vendas ao longo do último mês”, avalia. A comercialização gira em torno de 35% da safra 2023, ainda ligeiramente abaixo dos 37% de igual período do ano passado e aquém da média de 5 anos em 38%.
2022/23
Já a comercialização da safra brasileira de café de 2022/23 até o último dia 11 de julho alcançou 97% da produção, contra 94% do mês anterior. O percentual de vendas é ligeiramente inferior a igual período do ano passado, quando girava em torno de 98% da safra. E o fluxo de vendas está em linha com a média normal dos últimos cinco anos para o período (97%).
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, as vendas da safra 2022/23 (julho/junho) seguem arrastadas. “O preço mais baixo mantém o vendedor na defensiva, enquanto o comprador altera o foco para a safra nova”, avalia.
As vendas de arábica alcançam 96% da produção, abaixo do ano passado (97%), mas em linha com a média de 5 anos. A comercialização de conilon corresponde a 98% da safra. Já havia sido encerrada em igual período do ano passado e a média dos últimos 5 anos gira em torno de 99% de média.
Exportações
As exportações brasileiras de café chegaram a 35,626 milhões de sacas de 60 kg de café no ano safra 2022/23 (julho/junho), o que representa queda de 10,2% frente aos 39,691 milhões de sacas registrados entre julho de 2021 e junho do ano passado. A receita cambial totalizou US$ 8,135 bilhões no intervalo atual, permanecendo praticamente estável em relação aos US$ 8,136 bilhões alcançados no ciclo anterior. Os dados fazem parte do relatório estatístico do Conselho dos Exportadores de Café do País, o Cecafé.
Conforme a entidade, esse desempenho foi alcançado com a atualização dos números referentes a junho deste ano, quando os brasileiros remeteram 2,640 milhões de sacas (-17,2% ante jun/22) ao exterior, que geraram US$ 586,8 milhões (-21,3%). Assim, no acumulado do primeiro semestre de 2023, os embarques de café do país alcançaram 16,226 milhões de sacas e renderam US$ 3,547 bilhões, apresentando recuos de 18,9% em volume e de 23,8% em valor.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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