Comercialização da safra 2022/23 de café do Brasil atinge 32% – SAFRAS

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    Porto Alegre, 20 de janeiro de 2022 – Os preços altos ajudaram a destravar alguns negócios com safra futura de café, mas o fluxo de vendas segue arrastado. O produtor já comprometeu um percentual alto da safra 2022, especialmente no Sul e Cerrado de Minas Gerais e na Mogiana paulista. Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, uma dinâmica comercial acelerada associada às dúvidas produtivas em torno da próxima safra segura um pouco o ímpeto das vendas de safra nova. “Além disso, os preços seguem muito próximos das máximas nominais, o que favorece a estratégia do vendedor de fracionar lotes e alongar posições, sem pressa em fechar novos negócios. No lado da demanda também não há grande interesse. Questões de fluxo de caixa, por conta do ‘margeamento’ em bolsa, ajudam a inibir um pouco o interesse por posições antecipadas”, diz Barabach.

     Levantamento de SAFRAS indica que até o último dia 14 de janeiro as vendas da safra 2022/23 alcançavam 32% do potencial produtivo de 2022. Isso corresponde a um avanço de 3 pontos percentuais na comparação ao mês anterior. E, mesmo mais cadenciada, as vendas seguem comparativamente bem aceleradas, uma vez que em igual época do ano passado o comprometimento dos produtores estava em 19% da safra.  Destaque às vendas de arábica, que alcançam 35%. Estavam em 26% em igual período do ano passado. Já as vendas de conilon alcançam 33% do potencial produtivo, contra 8% em 2020. “O interesse da indústria local, por conta do arábica caro e da mudança no blend, explica essa performance”, diz Barabach.

     Ele comenta que continua o spread negativo entre os contratos de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) – posições mais distantes trabalhando com preço mais baixo que as mais próximas. “O mercado aposta em melhora na oferta futura. Esse comportamento da curva de preço de café na ICE US é um fator adicional para limitar o interesse por fixações futuras do lado do vendedor”, aponta.

     O consultor indica que a curva de dólar futuro sustenta uma inclinação positiva mais acentuada, pautada na taxa de juros mais elevada. E isso serve de um fator de compensação. “Em linhas gerais, a base de preço para fixação antecipada continua muito valorizada e bem acima das referências médias históricas deflacionadas. Mesmo com os custos mais altos, continuam garantindo uma boa rentabilidade ao vendedor”, diz.

     Ainda diante desse quadro favorável, aborda Barabach, o fluxo de vendas tende a seguir compassado, com o produtor alongando vendas e atento à safra 2022 e de olho na volatilidade financeira, especialmente a dólar e petróleo. “E só deve acelerar vendas se o preço do café der uma guiada de baixa acentuada”, conclui.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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